Da Folha On Line
A Polícia Civil do Pará indiciou seguranças da Agropecuária Santa Bárbara, empresa ligada ao empresário Daniel Dantas, e integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) por supostos crimes praticados durante conflito registrado há três semanas na fazenda Cedro, na divisa entre Marabá e Eldorado do Carajás (sudeste do Pará, a 770 km de Belém).
Os sem-terra tentaram invadir a sede da fazenda no último dia 21 e foram impedidos por seguranças armados. Na ação, 12 sem-terra foram feridos a bala. Não houve mortes.
Foram 11 indiciados pela polícia: seis seguranças da Santa Bárbara, que trabalham para a empresa de vigilância Atalaia, e cinco integrantes do MST.
O indiciamento foi encaminhado na semana passada à Justiça de Marabá, onde deverá tramitar uma ação sobre o caso.
Os seguranças foram indiciados por suspeita de lesão corporal, pois teriam efetuado os disparos que feriram os sem-terra.
A participação do MST foi considerada mais grave: os integrantes foram indiciados sob suspeita de dano qualificado ao patrimônio, roubo, invasão de estabelecimento agrícola com danos ao trabalho, incitação ao crime e formação de quadrilha.
Dos cinco integrantes do MST indiciados, um foi enquadrado em apenas um crime: a mãe de uma criança de dois anos que foi baleada de raspão no conflito foi indiciada por suspeita de “expor a risco a vida de outrem”, por ter levado o bebê à invasão.
De acordo com a polícia, os invasores furtaram objetos dos moradores da fazenda, como televisores e celulares, e danificaram um banco de sêmen mantido pela Santa Bárbara, cujo foco de atuação é o melhoramento genético de bezerros.
Os sem-terra mantêm um acampamento no interior da fazenda Cedro desde 2010.
O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) tenta intermediar a saída dos sem-terra do local, mas o processo está travado por causa da greve dos servidores do órgão.
OUTRO LADO
Procurado, o MST disse que ainda não foi informado oficialmente sobre os indiciamentos. Na época do conflito, o movimento afirmou que a ocupação da fazenda Cedro foi feita de forma pacífica.
A Santa Bárbara diz que os seguranças são inocentes e que eram orientados apenas a “proteger as pessoas e o patrimônio”.