Políticas públicas para dependentes químicos são escassas em Marabá

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Por Paulo Costa – de Marabá

A Comissão Permanente da Infância e da Juventude da Câmara Municipal realizou na manhã desta segunda-feira (24), audiência pública sobre drogas. O evento debateu políticas de prevenção e combate às drogas e contou com a presença de participantes de várias entidades e autoridades.

Juiz Eduardo AntônioPara o juiz Eduardo Antônio Martins Teixeira, a audiência pública é de grande importância, haja vista a necessidade de a sociedade poder discutir o grau do grave problema que aflige não somente Marabá, mas todo o País. “A partir do momento que um adolescente se vicia é um caminho sem volta, ele vai apenas fazer um tratamento não há cura para isso”, ressalta o magistrado.

Ele lamenta o fato de Marabá, com quase 300 mil habitantes e que tem uma receita significativa e ainda grandes empresas, não possuir nenhum centro para tratamento de dependentes químicos. “Identificamos alguns casos, mas não temos para onde encaminhar. A solução tem sido enviar essas pessoas para outros municípios como Castanhal, que tem Centro Terapêutico, ou para Belém, que tem um Centro de Cuidado para Dependente Químico, mas isso é prejudicial porque aquele dependente é afastado da sua família”, lamenta Teixeira.

O juiz Eduardo Teixeira criticou o fato de as obras do CAPS para receber pessoas envolvidas com álcool e droga estejam paralisadas há quase um ano.

Por sua vez, ao usar da palavra, o prefeito João Salame disse ao juiz e às pessoas presentes que para realizar obras e investir mais neste setor é preciso ter dinheiro, evocando as dívidas que herdou da administração passada como um empecilho para isso até agora.

Salame justificou que não aderiu ao Plano Nacional de Enfrentamento ao Crack porque, entre outras coisas, precisava ter 10 leitos psiquiátricos na rede municipal, o que não existe, mas garantiu que está se esforçando para conseguir quatro.

Sobre as obras paradas no CAPS AD, ele justificou que a gestão de Maurino Magalhães não fez algumas adequações devidas e o Ministério da Saúde mandou abrir nova licitação para o serviço, mas garantiu que o centro estará pronto nos próximos meses.

Presente à audiência representando a Alepa (Assembleia Legislativa do Pará) o deputado estadual Divino Santos (PRB) apresentou uma cartilha sobre “Drogas e seus efeitos”, com a qual percorre todo o Estado com a cartilha para poder conscientizar a juventude sobre os riscos das drogas.

A promotora da Infância, Lilian Viana Freira, disse que até bem pouco tempo havia apenas duas promotorias da Infância em Marabá, mas que atualmente são duas e que elas não conseguem atender a demanda existente, grande parte relacionada ao uso de drogas. “Na zona rural, há muitos

jovens envolvidos com droga e precisam de atenção”, advertiu.

Filhos do crack

A promotora disse ainda que está aumentando muito em Marabá o número de pais mergulhados nas drogas e que não conseguem cuidar dos filhos. Ela denominou a nova geração como “filhos do crack” e disse que muitas dessas crianças acabam sendo retiradas da guarda de seus genitores e enviadas para o abrigo.

O secretário de Segurança Institucional, delegado licenciado Alberto Teixeira, disse que medidas pontuais devem ser adotadas. Lembrou que o crime de tráfico agrega uma série de outros crimes, como roubo, furto e homicídio e que, infelizmente, em Marabá são muitos que vivem desse mercado. “As maiores vítimas do tráfico no país são adolescentes e a partir de 2011 cresceu bastante consumo de crack e drogas sintéticas, além das mazelas que causam ao organismo”, lamentou.

Segundo dados apontados por ele, um grama de cocaína é comercializado a R$ 100,00 em Marabá, enquanto uma pedra de crack custa R$ 10,00. Ele sugeriu a implementação de atividades socioeducativas para manter os jovens longe das drogas. “Precisamos de medidas paralelas para resgatar os jovens que estão mergulhados nas drogas. O crack é a droga mais usada em Marabá, e a maioria vem do Mato Grosso por via terrestre”, revelou.

1 comentário em “Políticas públicas para dependentes químicos são escassas em Marabá

  1. VAMBERTO Responder

    Bom dia eu sempre achei que a melhor politica para as drogas é que se preocupassem mais para que os jovens tivessem incentivos pra não entrar nas drogas dar o que fazer, culturalmente, socialmente, etc, incentivasse os nossos jovens dando oportunidades a eles. Ao invés disso não, ninguem dar chance nenhuma aos jovens e querem que eles sejam Santos sem ter opção de nada, ex: os jovens não tem onde jogar futebol, não tem locais pra outras práticas esportivas, não existe ninguem da administração publica interessado em colocar instrumentos a disposição dos jovens e convida-los pra aprender, etc. afinal ninguem oferece nada. O que eles tem de portas abertas são boites, clubes com musicas com duplos sentidos e por aí vai. AGORA DEPOIS QUE ESTÃO NAS DROGRAS QUE PENA, VÃO GASTAR MUITO DINHEIRO PRA NADA, ASSIM COMO DISSE O JUIZ, DE UM CAMINHO PRATICAMENTE SEM VOLTA. É TRISTE MAS É A REALIDADE.

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