Engana-se quem pensa que a população de Parauapebas, por ter uma das rendas mais elevadas do país, ostente uma conta corrente de babar. Titular da 3ª maior praça financeira da Região Norte, atrás de Manaus e Belém, Parauapebas não aparece sequer entre os cinco primeiros colocados no Pará quando o assunto é dinheiro movimentado na conta.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que fez um levantamento dos municípios onde a população mais tem e movimenta dinheiro no banco, a partir de informações declaradas pelas agências bancárias ao Banco Central. Em abril deste ano, mês com dados mais recentes, os paraenses tinham R$ 1,335 bilhão guardados em contas nas 509 agências bancárias do estado. Mas que fique claro: isso não é dinheiro vivo estocado em agência, são dados virtuais.
Com R$ 44,34 milhões em conta no mês de abril, a população parauapebense movimentava pouco mais da metade da marabaense, R$ 83,14 milhões, conforme apurou o Blog do Zé Dudu. Os dados do Bacen não identificam clientes, mas revelam quais agências ou o conjunto delas movimentam mais recursos financeiros.
Para começar, Marabá é uma praça financeira com mais agências (21) que Parauapebas (13). Embora, atualmente, a população urbana de ambos os municípios rivalize na atração de investimentos, com Parauapebas levando vantagem por sediar as operações da mineradora multinacional Vale, ter o maior número de trabalhadores com carteira assinada e o funcionalismo público mais bem pago do Norte-Nordeste do país, Marabá segue sendo, de longe, o “paraíso fiscal” dos investidores conscientes e céticos quanto a lugares com baixa ou nenhuma sustentabilidade econômica.
Com fama de cidade que não quebra, por ter suportado várias crises socioeconômicas e ter, em diversos capítulos da história, sobrevivido às desilusões em torno de projetos que jamais saíram do papel (quem não se lembra da tal Alpa?), Marabá tem multimilionários encubados, donos de empreendimentos nos setores de comércio, serviços, ensino superior e agropecuário.
E há clara diferença no perfil do cidadão endinheirado entre Parauapebas e Marabá. O “rico” de Parauapebas geralmente é um servidor público com salário acima de R$ 20 mil; um gerente de alguma coisa em Carajás e que quase nem dorme assoberbado de responsabilidades; e aquele empresário praticamente desconhecido, mas com algum bom contrato junto à cobiçadíssima Prefeitura de Parauapebas — esta, sim, bilionária.
Já o rico de Marabá é “colono” que anda com bota melada de lama e esterco e cuja vista é embranquecida com milhares de bois no pasto. Não por acaso, Marabá tem o 5º maior rebanho bovino do país, com 1,136 milhão de cabeças. Mais recentemente, novos ricos têm surgido no município atraídos pelo cheiro do chão e com o olho no grão de soja, já que Marabá está no centro de uma fronteira agrícola em franca expansão.
SAIBA O MOVIMENTO NA CONTA CORRENTE DOS MUNICÍPIOS
1º Belém — R$ 387.163.142,00
2º Marabá — R$ 83.135.389,00
3º Ananindeua — R$ 73.977.125,00
4º Santarém — R$ 65.749.282,00
5º Castanhal — R$ 61.340.680,00
6º Paragominas — R$ 47.245.580,00
7º Parauapebas — R$ 44.343.689,00
8º Redenção — R$ 31.585.418,00
9º Abaetetuba — R$ 26.527.937,00
10º Altamira — R$ 26.355.058,00
11º Barcarena — R$ 22.688.922,00
12º Tucuruí — R$ 21.015.768,00
Os depósitos em poupança também chamam a atenção nos dois municípios. Mas aqui Marabá fica atrás de Parauapebas, visto que os grandes figurões da poupança na Capital do Minério, diferentemente dos demais municípios, são pessoas jurídicas (públicas e privadas). Só em Belém há PJ com expressivas poupanças como em Parauapebas. Em Santarém e Ananindeua, onde os depósitos em poupança são superiores aos registrados na “cidade da Vale”, os maiores poupadores são pessoas físicas, como em Marabá.
No cômputo geral, envolvendo todos os negócios nas agências bancárias (poupança, conta corrente, empréstimos, financiamentos), o município de Marabá só perde para Belém em operações financeiras e movimenta um universo financeiro 16 vezes superior à praça de Parauapebas, 11,5 vezes a Santarém e o dobro de Ananindeua.
SAIBA O MOVIMENTO NA CONTA POUPANÇA DOS MUNICÍPIOS
1º Belém — R$ 5.920.705.982,00
2º Santarém — R$ 655.558.508,00
3º Ananindeua — R$ 610.462.453,00
4º Parauapebas — R$ 592.008.779,00
5º Marabá — R$ 556.852.092,00
6º Castanhal — R$ 397.171.413,00
7º Altamira — R$ 349.866.048,00
8º Itaituba — R$ 274.102.195,00
9º Tucuruí — R$ 270.419.447,00
10º Redenção — R$ 254.954.759,00
11º Capanema — R$ 213.167.746,00
12º Abaetetuba — R$ 201.003.426,00
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