Por R$ 150 mil, programação de carnaval de Marabá é a mais barata do Pará

Do vuco-vuquense Orixifolia, no oeste do estado, à escalafobética Folia de Vigia, no Nordeste Paraense, todas as prefeituras estão gastando mais que a capital do cobre. Se poupar é lei, na festa de Momo Tião é rei.

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Várias prefeituras do Pará vão patrocinar um dos festejos que, literalmente, arrastam multidões no ano. A festa de carnaval em 2019 demonstra a retomada das finanças por parte dos governos, que nos últimos tempos vinham se esquivando de gastos com a Folia de Momo em razão da crise financeira que assolou o Brasil e, de quebra, derrubou os repasses a estados e municípios.

O Blog do Zé Dudu percorreu cinco destinos bastante procurados no carnaval e constatou que o de Marabá vai ser o mais barato. O prefeito Tião Miranda, conhecido por seu estilo “mão fechada”, vai soltar apenas R$ 150 mil para custear o evento na quarta mais populosa cidade paraense, onde 220 mil habitantes moraram em pelo menos cinco núcleos urbanos e em cada um dos quais haverá uma folia própria. A programação cultural oficial do carnaval, no entanto, de Marabá acontece entre os dias 2 e 5 de março.

Os R$ 150 mil vão pagar os artistas Joan Nascimento, Forró de Elite, Rodrigo Mendes e Banda Xeiro Verde, todos eles gerenciados pela empresa Max Serviços de Construção Civil e Locações Eireli. Pode parecer estranho, mas a Max Serviços tem, entre suas atividades econômicas secundárias, a montagem de palcos, a organização de festas e a produção musical. O investimento cultural, que não exige licitação, pode ser conferido aqui.

O secretário de Cultura, José Scherer, em justificativa assinada no último dia 6 para a conquista do recurso visando à programação, destacou que é preciso fortalecer o carnaval no município, valorizando e incentivando artistas da terra. Segundo Scherer, a Banda Xeiro Verde, por exemplo, é “uma atração regional de grande prestígio, consagrada pela opinião pública”.

Pelo valor tímido diante da receita da Prefeitura de Marabá, que caminha para atingir a cifra de R$ 1 bilhão nos próximos quatro anos, o carnaval local pode ser considerado o mais barato do Pará. O Blog analisou outros processos de contratação de shows para a folia e constatou que, entre as prefeituras que enviaram informações ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) até esta terça-feira (26), a festa marabaense é, de fato, a mais econômica.

R$ 240 mil em Capitão Poço

Maior produtor de laranja do estado e 5º maior do Brasil, Capitão Poço tem preço de carnaval um pouco azedo. A prefeitura local está contratando uma empresa de shows no valor de R$ 122 mil e outra de fornecimento de estrutura (palco e sonorização) por R$ 118 mil. Somando tudo, então, são R$ 240 mil para tocar a festa. Dez atrações vão se apresentar durante quatro dias de folia (entre 2 e 5 de março), e a Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo local justifica que o impacto do carnaval em Capitão Poço é positivo porque a programação movimenta os setores de hotelaria, comércio, serviços e transportes, fazendo a receita crescer.

Quase R$ 170 mil em Oriximiná

No oeste do Pará, a Orixifolia tem custo de R$ 169,5 mil aos cofres públicos. Oriximiná, que é o segundo maior produtor de bauxita do país e cuja prefeitura é uma das 20 mais ricas do estado graças às receitas advindas da indústria mineral, já teve seu pré-carnaval e agora aguarda ansiosamente pelo dia 2 de março, quando a festa começa para valer e se estende até o dia 5 com shows regionais durante três dias e 12 shows locais no período, até o sol raiar. De acordo com a prefeitura do município “aluminado”, a programação tem em vista valorizar a diversidade cultural, favorecer oportunidade econômica, proporcionar gratuitamente lazer e diversão e usar o movimento cultural como ferramenta de inclusão social.

Ao menos R$ 185 mil em Cametá

Em Cametá, detentor de um dos carnavais mais animados do Pará, o evento vai sair por ao menos R$ 185,5 mil. Mas esse valor é, conforme o Pregão Presencial 1-2019, referente apenas à contratação de empresa de locação de arquibancada coberta em estrutura metálica, camarotes, cabine de imprensa, módulo para jurado, guarda-corpo e banheiros químicos. Não há informações sobre o custo dos shows em si. A Prefeitura de Cametá, com base em dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) local, alega que 100 mil turistas visitam o município e fazem circular R$ 4 milhões, o que é revertido em geração de emprego e renda para boa parte da população.

R$ 210 mil em Vigia, no mínimo

Por último, o famoso carnaval de Vigia, um dos mais procurados da Região Norte, vai custar, pelo menos, R$ 210,6 mil. Sim, “pelo menos” porque esse é apenas o valor que a Secretaria Municipal de Cultura de Vigia de Nazaré está gastando com a locação de quatro trios elétricos durante os dias de folia. Ao todo são 20 diárias. Não há informações sobre os custos de atrações artísticas. Ainda assim, a prefeitura afirma que o carnaval da cidade é “um evento grandioso e tradicional”, que se destaca “pela alegria, paz e irreverência dos foliões, especialmente quando se puxados pelo trio”.

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