Praças em obras viram objeto de discórdia entre Legislativo e Executivo

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Por Ulisses Pompeu – de Marabá

Como num filme que já tinha roteiro descrito antes mesmo de ser rodado, a atual situação das obras de três praças em Marabá tinha sido descrita em uma profecia apregoada pela vereadora Vanda Américo no final do ano passado: “nenhuma delas será concluída até o final deste governo”.

E é exatamente isso que está acontecendo com as praças São Francisco, no bairro Cidade Nova; São Félix, na Marabá Pioneira; e Praça da Juventude, no Km 7, Nova Marabá. As obras estão paradas ou em ritmo muito lento e jamais serão concluídas em menos de 45 dias.

A situação mais polêmica, atualmente, é a da Praça São Francisco, cujas obras iniciaram em março deste ano e deveriam ser concluídas no dia 15 deste mês de novembro, ao custo espantoso de R$ 3.154.273,55. A obra está sendo executada em banho-maria pela empresa Cactus Construções Ltda. Passados quase dez dias após o prazo de entrega, até agora só foram executados 20% do total. Quando os tapumes foram retirados da parte que estava em obra, a comunidade foi tomada pelo espanto: a praça se transformou em um deserto de concreto sem nenhuma benfeitoria que justificasse o emprego de mais de R$ 1 milhão até agora.

Além da demora para execução das obras, o tema Praça São Francisco deixou vereadores irritados. Entre eles, Guido Mutran resolveu ir atrás. Convocou o engenheiro civil Charles Augusto dos Santos, contratado pelo Legislativo para acompanhar obras executadas pelo o município, e pediu um laudo. Charles identificou várias falhas na obra, como rachadura no piso por falta de junta de dilatação. “O piso é em concreto estampado no qual apresentam diversas trincas, falhas entre as etapas de execução e ausência de junta de dilatação”, concluiu. O engenheiro também ficou espantado com a ausência de bancos para assento no trecho da obra já concluída até aqui, sem contar que falta iluminação, pois à noite aquele trecho da praça fica no escuro.

Nesta terça-feira, 21, alguns bancos apareceram na praça, mas Charles os condenou, dizendo que não há encosto e são fáceis de serem roubados porque não estão fixos no chão.

Por fim, ele avaliou que até agora, cada metro quadrado da obra está custando R$ 536,44. Como só foram executados 1.960 metros quadrados dos 5.880, o deserto de concreto já custou mais de R$ 1.050.000,00. “O dinheiro do município está sendo mal empregado em uma obra que não acaba nunca e que tem qualidade questionável”, vocifera Guido Mutran.

O parecer do engenheiro Charles não destoa do assinado por seu colega de profissão Laércio Moussallem, da Controladoria Geral do Município. Moussallem também identificou rachaduras e alertou para a necessidade de resolver o problema. “A contratada deve dar continuidade à correção das trincas e rachaduras nas placas moldadas dos tentos em concreto, que se deslocaram do piso novo ou sofreram acomodação no terreno por ação das chuvas ou tráfego prematuro nas proximidades”.

O engenheiro da Congem recomendou celeridade nas obras para equilibrar o cronograma físico e o investimento maior de insumos e mão de obra no empreendimento. “Além disso, recomendamos primar pela qualidade na execução dos eventos planilhados, atendendo da melhor forma a expectativa da comunidade e da municipalidade”.

Nesta terça-feira, o secretário de Urbanismo, Claúdio Feitosa Felipeto, responsável pela obra das praças São Francisco e São Félix, não compareceu à Câmara para reunião com os vereadores. Enviou um ofício alegando que estava viajando e não informou quando poderia ir ao Legislativo.

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A vereadora Irismar Araújo Melo disse que Feitosa lhe revelou no último sábado que não é mais secretário de Urbanismo do município. Ontem, em conversa com o prefeito João Salame, este confirmou ao Blog que Cláudio está pedindo para sair do cargo desde a última semana, mas apenas nesta quarta-feira ele, Salame, deve retornar ao município e resolver a situação.

Guido Mutran disse que já tentou em vários órgãos municipais, mas não consegue informações sobre a Praça São Félix, que tinha custo estimado inicialmente de R$ 600 mil, mas o edital já teria sido aditado para mais de R$ 1 milhão e não foi concluída até agora. “Agora, a Câmara vai convocar o secretário Cláudio Feitosa. Não será mais convite”, destacou.

Resposta da Prefeitura

Através da Assessoria de Comunicação, a Prefeitura de Marabá se manifestou da seguinte forma:

Praça São Francisco (Cidade Nova)

  1. A parte reformada representa cerca de 22% da obra e sequer consumiu R$ 300 mil do orçamento de mais de R$ 3 milhões.
  2. Essa área pertence à Igreja Católica, mais exatamente à Paróquia de São Francisco de Assis, cujos representantes, em reunião com a prefeitura e representantes da comunidade, de comum acordo, solicitaram a retirada do chafariz para que a Igreja pudesse ali realizar seus eventos, a exemplo do Natal Encantado. O que não significa que a população também não possa utilizar o espaço.
  3. A obra ainda não foi recebida oficialmente pela prefeitura, que ali mantinha um engenheiro fiscalizando. Ou seja, a prefeitura só receberá a obra e pagará a construtora após analisar as medições, de acordo com o que for observado pelo fiscal.
  4. Ainda faltam na parte reformada a implantação de bancos, paisagismo e dois postes de iluminação.
  5. Com a reforma foram criadas mais vagas para estacionamento e está prevista também a colocação de grades no entorno da área de eventos.
  6. A prefeitura ainda não conseguiu entregar a reforma na sua totalidade, devido a crise econômica que se abate sobre o país, atingindo não só Marabá, mas 3.800 municípios; e ao afastamento do prefeito João Salame durante 90 dias.

Praça São Félix de Valois (Velha Marabá)

– A obra será concluída antes do final da atual administração e não houve aditivos no seu valor. Ao contrário, o custo será menor do que foi orçado e com a mesma qualidade.

Praça da Juventude (Bairro Km-7)

– A construtora responsável abandonou e retomou a obra em várias ocasiões, sempre que cobrada pela prefeitura. Porém, por último, a administração municipal recorreu à Justiça e conseguiu a anulação do contrato. Agora, nova licitação está sendo aberta para a continuidade da obra.