É entressafra que chama, não é? E é nela que o marabaense evita comprar açaí para tomar. Nesta época – desde o início de janeiro – geralmente o produto altera o sabor, porque não amadureceu o suficiente. Mas não é o principal motivo para o consumidor evitar comprar: o preço do produto está chegando ao consumidor final com 100% de aumento em relação ao final do ano passado e o litro do açaí médio, que era vendido por R$ 15, agora custa R$ 30.
O dilema começa, na verdade, na hora de tirar os cachos de açaí nos açaizais. Nesta época não amadurecem direito, as chuvas atrapalham subir nas palmeiras e o transporte também fica mais complicado. Com o produto escasso e todas as dificuldades, o preço do saco de açaí também dispara. Ele era vendido em Marabá a cerca de R$ 220 no final de 2023, e agora os batedores têm dificuldades de encontrar fornecedor e, quando aparece, cobra R$ 550 pelo saco.
Proprietário de um dos pontos de venda no Bairro Belo Horizonte, no núcleo Cidade Nova, Carlos Andrade disse à Reportagem do Blog que está enfrentando dificuldades para encontrar açaí de qualidade e que boa parte dos fornecedores desapareceu. “Deu aquela chuva o dia inteiro, e quando chove muito, há muito vento também nos açaizais, e os caroços de açaí que já estão muito maduros, passam a cair. Então o dono de açaizal passa a ter prejuízo, os caroços começam a se perder, e por isso, a quantidade de caroço que vem para a cidade é insuficiente para atender toda a clientela,” explica o comerciante.
Ele afirma que, até semana passada, estava comprando o saco de açaí a R$ 500. Hoje, encontrou a mesma quantidade por R$ 550. “Os clientes sempre reclamam e com razão, porque o custo de vida hoje está muito caro. O poder aquisitivo das pessoas vai só diminuindo. Mas o açaí, você sabe, é um dos alimentos mais procurados. O pessoal precisa se alimentar de açaí, como também ele sustenta milhares de famílias, porque gera emprego,” avalia Carlos.
Em Nova Marabá, na Folha 33, Antônio Félix Dias precisou fechar seu ponto de açaí nos últimos 15 dias porque não consegue comprar o produto tão caro. “Até mesmo porque meus clientes não conseguem comprar açaí tão caro assim. Eu moro na periferia e as pessoas preferem comprar um quilo de carne do que um litro de açaí,” compara.
O açaí papa, considerado o mais grosso, é vendido em Marabá por R$ 60.
Alguns batedores estão comprando o produto vindo de Igarapé-Miri, município referência no estado do Pará, mas o saco chega ao preço de R$ 600. Quem se arrisca a comprar é porque depende bastante da comercialização do produto e vende para as classes A e B. “Está caro demais, compro uma vez na semana, no máximo,” afirma o advogado Edivaldo Souza Lima.