#FomosTodosMacacos. Mas, agora, menos de um mês após a refeição antirracista do jogador Daniel Alves, já estamos pulando em outros galhos.
O alvoroço provocado pela atitude do lateral direito no final do mês passado foi amplificado em uma espécie de campanha crossmedia e o alçou a uma posição quase heroica. No jogo contra o racismo, Daniel poderia ter usado a mesma chuteira de Martin Luter King ou Nelson Mandela. Pelo menos foi o que a grande mídia fez parecer. A Revista Veja chegou a publicar uma matéria especial sobre o assunto e estampar uma capa dizendo que “os racistas dos estádios escorregaram na casca [da banana] e o preconceito quebrou a cara – talvez para sempre”.
#SabedeNadaInocente.
No último domingo, 11, mais bananas aterrissaram em um gramado europeu, dessa vez, na Itália. Como ninguém comeu as frutas, nada de grande repercussão, afinal, as mídias (online e offline) se alimentam de novos temas, fatos novos. Mas, que tal requentar a discussão sobre o preconceito? E já que a bola não para de rolar, vamos ficar no futebol.
Até onde vai minha Timeline, o torcedor que já esteve #FechadoComoTinga não fechou com o Richarlyson e contra os atos de homofobia que se multiplicam nas arquibancadas e fora delas. Aliás, como sofrem a torcida e os jogadores do São Paulo com esse tipo de manifestação! E o que não dizer de Flamengo e Corinthians? No último jogo entre as equipes não faltaram piadas na rede tratando o confronto como um enfrentamento entre PCC e Comando Vermelho.
A bola da vez é Fernanda Colombo, de 23 anos. Os erros recentes cometidos pela jovem bandeirinha serviram tanto para afastá-la das próximas partidas quanto para reforçar um velho tabu: “futebol é coisa de homem!”. O diretor de futebol do Cruzeiro, Alexandre Mattos, posou de porta-voz do machismo na última partida entre Raposa e Galo pelo Brasileirão: “Se ela é bonitinha, que vá posar na Playboy, no futebol tem que ser boa de serviço”, disse. Como se árbitros e auxiliares homens não cometessem erros muito piores e mulheres bonitas só tivessem uma vocação profissional.
Racismo, homofobia, preconceito social, machismo. Talvez fosse melhor assumir de uma vez por todas que #SomosTodosPreconceituosos e tomar atitudes concretas para mudar esse quadro. Assim, em vez de levar o mito da democracia racial aos Trending Topics utilizando a hashtag “criada” por Neymar, estaríamos muito mais perto de nos tornar menos macacos e mais humanos.
* – Diego Pajeú é jornalista graduado e possui formação superior em Gestão Empresarial. É graduando em História e pós-graduando em Gestão da Comunicação e Marketing Institucionais. Facebook: diegopajeuoficial / e-mail: diegopajeu@yahoo.com.br