A administração de Jeová Andrade, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, vai dar um passo à frente para matar a fome que, por incrível que pareça, encontra lugar num dos municípios que mais crescem economicamente no Brasil. Canaã dos Carajás tem, segundo levantou o Blog do Zé Dudu junto ao Ministério da Cidadania, 21.350 habitantes em situação de pobreza, metade dos quais na condição de extremamente pobres.
Para mudar essa realidade sombria, a prefeitura local abriu na última terça-feira (6) uma licitação para registrar preços até o valor R$ 486.768,00 a fim de adquirir 4.800 cestas básicas para distribuir às famílias em situação de vulnerabilidade social e econômica. O governo municipal entende que, desse modo, vai “assegurar a sobrevivência e reconstruir a autonomia” da população atendida.
A abertura do pregão presencial está prevista para acontecer no dia 21 deste mês e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social alega que “benefícios eventuais se configuram direito de todo cidadão e são assegurados pelo artigo 22 da Lei 8.742, de 1993, alterada pela Lei 12.435, de 2011”. Os recursos para custeio da iniciativa vão sair tanto de recursos próprios da Secretaria quanto do Fundo Municipal de Assistência Social.
Dilemas clássicos
Mesmo pujante e com uma prefeitura que é a 6ª mais rica do Pará, o município de Canaã tem vários dramas sociais para dar cabo. Seu crescimento populacional acelerado, que não reflete necessariamente seu estágio de desenvolvimento social, trouxe a reboque muitos problemas, como desemprego, violência, inchaço da periferia, pobreza e demandas em áreas de educação, saúde, assistência social e saneamento básico, entre outras.
Com crescimento à sombra da esteira da mineração praticada pela Vale (em primeiro momento, por meio do projeto de cobre Sossego; atualmente, pelo projeto de ferro S11D), Canaã chegou a ser um dos municípios que mais empregaram no Brasil no meio desta década, durante a implantação da mina e de estruturas adjacentes a S11D. Passado o frisson gerado pelo projeto da Vale, hoje a prefeitura local se farta com milhões em royalties de mineração mensalmente e verá nos próximos anos sua cota de impostos dobrar ou triplicar em poucos anos. Até a virada da década que vem, Canaã ultrapassará seu vizinho Parauapebas em geração de riquezas e, principalmente, em arrecadação.
No recenseamento demográfico do próximo ano, Canaã deve chegar ao topo paraense do desenvolvimento humano e, novamente, um dos dez do país onde a população mais aumentou de tamanho no período de uma década — foi assim entre os censos de 2000 e 2010. Daqui para frente, precisa se organizar e se preparar melhor que sua vizinhança para receber o “progresso”, sobretudo mediante a gestão eficiente de recursos públicos em benefício da população local, o que sua adjacência ainda não aprendeu.