Em dez anos, 2.600 pessoas foram sepultadas no município de Jacundá, que tem população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 60 mil habitantes. Entre 2009 e 2019, o total de óbitos de pessoas residentes no município sempre se manteve acima da média de 200 por ano, sendo o menor volume registrado em 2013 (217 mortes) e o maior, em 2017 (267 sepultamentos).
Em 2019, de acordo com dados levantados pelo Blog do Zé Dudu junto ao Ministério da Saúde, foram 250 óbitos. É tanta morte que intimida até o número de nascimentos, que vem caindo em Jacundá. De 2009 a 2019, os sistemas do Ministério da Saúde contabilizaram cerca de 9.600 novos bebês, mas o total despencou de 1.069 (em 2009) para 714 (em 2019), uma queda brusca de 35,7% em uma década.
Pensando, talvez, na elevada extensão da mortandade, a Prefeitura de Jacundá tomou uma medida inusitada: mandou à Câmara um projeto de lei de autoria do Executivo pedindo aval ao legislativo para ampliar o tamanho do cemitério municipal porque, segundo o governo local, o corpo santo está, hoje, com “pouco espaço”. E foi atendida prontamente. A ideia era comprar, para incorporar ao patrimônio imóvel público, uma área ao lado do cemitério atual. Assim, o cemitério não precisaria mudar de endereço. O negócio deu certo e a transação já foi até concluída. As informações levantadas pelo Blog podem ser checadas aqui.
O Blog descobriu que a prefeitura comprou a área de 5.202 metros quadrados na Rua Conselheiro Pena, Bairro Nossa Senhora Aparecida, por R$ 300 mil. A média paga pela prefeitura é de R$ 57,67 por metro quadrado. De acordo com o governo de Jacundá, a aquisição é de interesse social e a escolha do terreno leva em conta o fato de que ele partilha o mesmo endereço do cemitério atual. Mas não é segredo em Jacundá: ninguém está muito interessado, por livre e espontânea vontade, em ocupar espaço no novo imóvel. Nem de graça.