A Prefeitura de Marabá acaba de adquirir uma fazenda de 52 alqueires para implantar um novo aterro sanitário, uma vez que o atual, com mais de dez anos de existência, está saturado. A intenção da gestão municipal é conseguir todas as licenças nos próximos meses e realizar um trabalho técnico de preparação para que o aterro comece a receber resíduos sólidos a partir de meados de 2019.
O anúncio foi feito pelo prefeito Tião Miranda, o qual revelou que o valor investido pelo município foi da ordem de R$ 3.400.000,00. Ela pertencia aos herdeiros de um empresário marabaense falecido no ano passado cujo o espólio devia cerca de R$ 1,5 milhão à Prefeitura, e que pagou apenas a diferença. A área fica a cerca de 10 quilômetros da Secretaria de Obras, na Rodovia Transamazônica, com entrada em frente ao Residencial Delta Park. “Estamos em processo de licenciamento para que ali funcione um aterro sanitário. Vamos investir para que nos próximos 50 anos não tenhamos mais problemas com destinação dos resíduos sólidos em nossa cidade”, disse Tião.
Segundo o presidente do SSAM (Serviço de Saneamento Ambiental de Marabá) Múcio Éder Andalécio, paralelo à liberação das licenças, a Prefeitura está elaborando o projeto técnico com apoio de engenheiros sanitários e civis. “Só depois que esse projeto estiver pronto é que teremos noção do valor que será necessário investir para executar as obras físicas na área”, explica Múcio.
Ele ressalta ainda que para custear a implantação desse novo aterro sanitário, a Prefeitura deverá tentar captação de recursos junto ao Ministério das Cidades, por meio de uma linha de crédito específica para essa finalidade. O presidente está disposto, também, buscar outros parceiros, como a Vale, para viabilizar as obras na nova área.
Andalécio revela que Marabá tentou firmar parceria com os municípios de São Domingos, São Geraldo, São João do Araguaia e outros da região para manter o aterro sanitário de forma consorciada, mas nenhum deles demonstrou interesse. “Até mesmo o Ministério Público Estadual tentou intermediar um diálogo entre os municípios, mas não houve êxito. Por conta disso, Marabá decidiu implantar o aterro por conta própria”.
A distância entre o novo aterro sanitário e o Aeroporto de Marabá é de 13 quilômetros em linha reta, enquanto a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) exige que seja de pelo menos 8 quilômetros da ASA (Área de Segurança Aeroportuária). “O superintendente do Aeroporto já avaliou a nova localização de nosso aterro e aprovou, mas, claro, desde que cumpramos as outras normas, inclusive de utilização”, disse.
A última célula do atual aterro sanitário está esgotando sua capacidade. De acordo com a experiente lixóloga Patrícia Blauth, que esteve em Marabá no ano passado prestando consultoria, o processo de destinação do lixo como vem acontecendo em Marabá ocupa muito espaço. “Somente 17% do que é coletado é verdadeiramente resíduo; os 83% restantes poderiam ter outros destinos, se separados de forma racional”. Por isso, afirma a consultora, é necessário mudar toda a sistemática em curso para que o aterro receba exclusivamente o que é lixo.
Em reunião que contou com a presença do prefeito Tião Miranda e secretários de várias pastas, algumas alternativas foram apresentadas para a destinação do lixo: A coleta seletiva, separando tudo o que pode ser reciclado do material orgânico, vendendo o que for possível e fazendo compostagem do material, transformando-o em adubo e o incentivo a criação de cooperativas para reciclagem do material, neste caso gerando negócios e empregos. A consultora acredita que a população deve passar por um processo educacional com relação à coleta, seleção e descarte do lixo, o que deverá ser feito em etapas futuras.