Prefeitura de Marabá estima orçamento “sensato” em R$ 1,08 bilhão para 2021

Previsão para gastos com pessoal do ano que vem sinaliza possibilidade de reajuste pomposo, mas que certamente não vai rolar em razão de lei complementar federal que barra aumento de despesa com servidores até final de 2021 devido a socorro financeiro a estados e municípios na pandemia.

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O município mais importante do sudeste do Pará concluiu o projeto de lei que estima a receita e fixa as despesas a serem realizadas no ano que vem. O documento, preparado em 23 de outubro pelo prefeito Tião Miranda, já está tramitando na Câmara de Marabá. O Blog do Zé Dudu analisou o esboço e concluiu que o orçamento de Marabá para 2021 é apenas pouco mais de R$ 50 milhões superior ao orçamento do exercício vigente.

A peça orçamentária prevê exatos R$ 1.080.662.056,76 sob a batuta da Prefeitura de Marabá para o ano que vem. No ano passado, a Lei Orçamentária Anual (LOA) reservou R$ 1.029.201.958,82 para 2020. Tradicionalmente, o governo de Marabá tem preparado orçamentos mais modestos e sensatos do que Parauapebas e Canaã dos Carajás, por exemplo, estimando com precisão apenas o que consegue arrecadar, empenhar e pagar.

O Blog apurou, com base na mais recente prestação de contas consolidada no 4º bimestre, que a receita líquida da Prefeitura de Marabá para o período de 12 meses corridos está em R$ 957,48 milhões. Bruta, a arrecadação chega a R$ 1,051 bilhão. O faturamento mensal varia de R$ 76 milhões a R$ 105 milhões.

Para 2021, o governo local espera arrecadar R$ 101 milhões com cota do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) ante R$ 83,21 milhões atualmente. Projeta também R$ 104,38 milhões com ingresso de Imposto Sobre Serviços (ISS), bem mais que os R$ 93,68 milhões de hoje. Além disso, estima R$ 114,82 milhões com cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), mas deve encerrar este ano com um acumulado de R$ 110 milhões em royalties no caixa.

Há ainda perspectiva de faturar R$ 202,7 milhões com cota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que hoje está em R$ 196,33 milhões, montante baixo para os padrões de um município do porte de Marabá. E, também, estima-se R$ 237 milhões no rateio do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que em 2020 está na casa dos R$ 215,63 milhões.

Folha do município deve passar de meio bilhão

Na partilha do orçamento, a Prefeitura de Marabá vai ter direito a gastar R$ 1,054 bilhão, enquanto a Câmara vai tomar conta de R$ 26,3 milhões. As áreas que mais vão receber recursos são educação (R$ 329,13 milhões), saúde (R$ 210,92 milhões) e urbanismo (R$ 128,25 milhões). Há uma previsão de que a folha de pagamento dos servidores (do Executivo e do Legislativo) chegue a R$ 523,51 milhões em 2021. Atualmente, a despesa atual com o funcionalismo público municipal marabaense, apenas do Executivo, é de R$ 421,63 milhões, enquanto o Legislativo desembolsa R$ 17,22 milhões. Em 2019, o orçamento reservou R$ 467,62 milhões para gastos com o funcionalismo municipal, mas atualmente a despesa conjunta com pessoal de prefeitura e câmara soma R$ 438,85 milhões.

Diante da previsão pomposa de gastos com pessoal para ano que vem, se quiser, o próximo prefeito de Marabá — a ser definido no próximo dia 15 — poderá, se quiser, reajustar os salários dos servidores públicos em até 10%, considerando-se o atual percentual de gastos com a folha. Um reajuste dessa natureza é, no entanto, improvável em razão de uma lei complementar do Governo Federal que, para garantir socorro financeiro a estados e municípios durante a pandemia de coronavírus, proibiu reajustes salariais até 31 de dezembro de 2021.

Em dezembro, por conta do pagamento do 13º salário, a folha tradicionalmente sobe, ainda assim Marabá é um dos municípios que menos comprometem a receita líquida com servidores, posicionando-se, inclusive, num grau de excelência em gestão fiscal por estar tecnicamente abaixo de todos os limites definidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).