Sem as gavetas entupidas de dinheiro derivado de royalties, mas com capacidade de gerar receita própria que lhe permite independência e planejamento de presente e futuro com os pés no chão e sem temor, como poucas na Região Norte, a Prefeitura de Marabá vive sua melhor fase orçamentária, econômica, financeira e fiscal. Sob os dotes “prefeitícios” de Tião Miranda, o município mais importante do sudeste do Pará viu sua arrecadação cravar R$ 1,1 bilhão líquido em 12 meses corridos, conforme ele mesmo declarou ao Tesouro Nacional na última quinta-feira (29), quando entregou o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) do 3º bimestre para apreciação.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que verificou um crescimento da receita da ordem de 17% em Marabá no comparativo entre o primeiro semestre deste ano e o mesmo período do ano passado. De janeiro a junho de 2021, a Prefeitura de Marabá reportou no balanço orçamentário receitas de R$ 544,48 milhões, bem mais que os R$ 465,44 milhões informados para o mesmo período de 2020.
Na primeira metade deste ano, a administração de Tião Miranda arrecadou mais que as capitais do Acre (Rio Branco) e do Amapá (Macapá), bem como mais que municípios famosos e conhecidos por serem capitais regionais dinâmicas, como Campina Grande (PB), Governador Valadares (MG), Ponta Grossa (PR), Petrolina (PE), Vitória da Conquista (BA) e o conterrâneo Santarém, todos os quais muito mais populosos que Marabá.
No Pará, só as prefeituras de Belém (R$ 1,648 bilhão), Parauapebas (R$ 1,25 bilhão) e Canaã dos Carajás (R$ 704,71 milhões) arrecadaram mais que Marabá no primeiro semestre. Ainda assim, a Capital do Cobre mantém contas equilibradas e excelência fiscal no uso de recursos públicos. Hoje, dos 10 mil servidores do Poder Executivo, cerca de 8 mil são concursados, um dos percentuais mais altos da Região Norte. Servidores recebem em dia e fornecedores também. No município, equipamentos públicos estão sendo reconfigurados e ruas historicamente abandonadas recebem drenagem e pavimentação.
Os grandes desafios para a década são saneamento básico, mobilidade e infraestrutura urbana. Hoje, apenas 30% das vias urbanas onde mora a população carente são pavimentadas, de acordo com o Cadastro Único, do Governo Federal.
Desafios ao crescimento
Com um setor comercial e de serviços forte e de referência, uma agropecuária famosa Brasil adentro e uma das praças bancárias mais poderosas do Norte do país, além da liderança nacional na produção dos minérios de manganês e cobre, Marabá tem portfólio econômico diversificado e não depende de apenas um produto para escorar suas finanças públicas, o que ajuda a atrair investimentos, já que é vista como cidade que não quebra e que não tem risco de sucumbir, haja vista ter suportado vários perrengues administrativos.
Se os projetos diversos que rondam o município saíssem do papel, Marabá elevaria ainda mais seu faturamento e rivalizaria, do ponto de vista financeiro, com as potências da vizinhança que, contudo, dependem exclusivamente de royalties e dos impostos que margeiam a indústria extrativa mineral.
Uma nova ponte sobre o Rio Tocantins e outra sobre o Itacaiúnas, o traçado de uma ferrovia, a duplicação do trecho urbano de uma rodovia federal, o derrocamento de pedral no leito do Rio Tocantins e até uma hidrelétrica que foi sem nunca ter sido desafiam o crescimento econômico de Marabá e, ao mesmo tempo, fazem-no sonhar com dias ainda melhores. Se os rabiscos de anos vingassem e se tornassem realidade de uma vez, Marabá alçaria ao posto de maior gerador de empregos do país, com movimentação líquida de 10 mil trabalhadores, nada visto em qualquer dos municípios paraenses.
Ainda bem que, em mais de 100 anos, Marabá aprendeu como poucas a lidar com ladainhas, fofocas, boatos, desilusões e promessas vãs. Os pés no chão da administração e o trabalho de sua gente são os motores que a fazem prosperar, com realidade e otimismo.