Eleito não por acaso com quase 100 mil votos, um recorde no sudeste do Pará, o prefeito Tião Miranda mostra, desde 2017, a que veio. Com política agressiva de corte de gastos para equilibrar as contas e sobrar dinheiro para tocar serviços essenciais básicos, ele iniciou seu segundo mandato de posse da administração com as melhores condições fiscais orgânicas — mesmo sem ter receita “sobrenatural” — entre os 144 municípios do estado. E, agora, vai bater pesado na infraestrutura.
Nos próximos dias 29 e 30 de junho, o governo de Tião vai conferir propostas comerciais para contratar as empresas que serão responsáveis por tocar duas importantes e aguardadas obras na cidade: a pavimentação e urbanização da Avenida Tiradentes, no Bairro São Félix 2, e da esquecida Rua V-190 da Folha 19, na Nova Marabá. Pelo menos 2.000 moradores devem ser alcançados. Cerca de R$ 1,3 milhão serão aplicados nas benfeitorias, valor que em municípios das redondezas poderia ser dez vezes maior.
A Avenida Tiradentes é uma das principais artérias do São Félix 2, bairro-sede do núcleo São Félix, o que mais cresce populacionalmente em Marabá e para onde a prefeitura está mirando, já que o complexo deve explodir quando as obras da segunda ponte sobre o Rio Tocantins, da mineradora multinacional Vale, começarem em 2022. São Félix deve receber uma parte do canteiro de obras do colosso, o qual deverá ser erguido no prazo máximo de cinco anos e lançar cerca de R$ 2 bilhões na praça de Marabá, arregimentando mil empregos diretos.
No último trimestre do ano passado, a Vale comunicou à Associação Comercial e Industrial de Marabá (Acim) que haveria poucas ações relacionadas à construção da ponte este ano, mas que em 2022 o pau vai quebrar, com o início efetivo da engenharia e obras civis. A mineradora já tem, inclusive, autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para fazê-lo.
Anônima e sem asfalto
Já na Folha 19, onde o eleitorado de Tião Miranda é expressivo, está “a rua mais esquecida do mundo”, segundo os próprios moradores do local. É que, por diversas ocasiões como prefeito, Tião mandou asfaltar dentro e fora da 19, mas nunca se lembrou da invisível Rua V-190, um pedaço de via em formato de “U” que interliga a BR-222 (de cara para a Coca-Cola) e a Rua V-191 (de acesso à Avenida VE-2, que dá na Praça da Criança). No trecho de 300 metros, de ora poeira no verão, ora lama no inverno, moram servidores públicos, militares e tem até igreja. Uma “irmã” que mora no perímetro disse ao Blog do Zé Dudu que “Deus ouviu as orações, e esta rua, enfim, vai ser asfaltada”.
A V-190 é a perfeita ilustração de uma triste realidade que ainda assola Marabá, de acordo com dados de maio deste ano do Cadastro Único: 69% da população ainda residem em ruas sem asfalto. Mas o prefeito Tião Miranda está disposto a corrigir esse problema, já que também tem feito intervenções de infraestrutura em diversos outros pontos da cidade, historicamente abandonados.
Seria bom se, embarcado na pavimentação e urbanização, viesse também o esgotamento sanitário, serviço do qual Marabá é carente e, esta semana, figurou como o segundo pior município do Brasil no ranking da Associação Brasileira de Engenharia Ambiental e Sanitária (Abes). Marabá seria alçada a outro patamar. A irmã fervorosa, da Folha 19, segue em oração por isso também.
