A rica e poderosa Prefeitura de Parauapebas, 35ª mais endinheirada do Brasil entre 5.568 e que, no momento, bate 12 das 27 capitais de estado em arrecadação em decorrência do recebimento de estafantes royalties de mineração, vai despejar desta sexta-feira (26) até o dia 17 de dezembro uma montanha de R$ 207,93 milhões líquidos em pagamento de salários de servidores, um recorde no Pará entre os municípios. Só o Governo do Estado consegue distribuir mais recursos de pessoal em tão curto período de tempo.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que cruzou valores levantados nos balancetes da Administração com o cronograma de divulgação de pagamentos de salários (de novembro, de décimo terceiro e de dezembro) anunciado ontem (25) pelo prefeito Darci Lermen e o secretário de Administração Cássio André de Oliveira nas redes sociais.
Será despejada nos comércios de Parauapebas e região uma montanha de dinheiro suficiente para sustentar durante o ano inteiro exatos 5.000 municípios brasileiros (ou 90% dos que existem hoje). Essa dinheirama, em valor líquido, vai diretamente para o bolso de 11 mil servidores da Administração, inclusive do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saaep), que é um braço do Poder Executivo municipal.
O derramar de dinheiro começou hoje, com o pagamento de novembro. Cerca de R$ 64,84 milhões líquidos já estão circulando pela praça ou parados nas contas do funcionalismo, que até o próximo nascer do sol deve queimar as cédulas na Black Friday. Só com o pagamento de hoje, a Prefeitura de Parauapebas conseguiria tocar a vida de 3.800 cidades do país durante um ano.
No próximo dia 7 de dezembro, data em que, segundo Darci e Cássio, será creditado o décimo terceiro dos servidores, vem outra “lapada” de dinheiro. Dez dias mais tarde, no dia 17, cai o pagamento antecipado de dezembro, mês em que, no frigir dos ovos, os servidores do rico município embolsarão R$ 143,09 milhões líquidos. Sozinha, a folha de dezembro — nela incluso o décimo terceiro do governo Darci — conseguiria ajeitar a vida de municípios como Capanema, Breu Branco, Jacundá, Itupiranga, Rondon do Pará, Tucumã e Pacajá por praticamente 12 meses.
Folha mais gorda
O Blog do Zé Dudu foi às contas e observou que a despesa com pessoal da Prefeitura de Parauapebas inchou 35,47% de 2020 para 2021 motivada com a contratação de servidores, uma vez que, por conta da Lei Complementar 173/2020, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, não foi possível reajustar os salários do funcionalismo público, sequer fazer a revisão anual dos vencimentos com base na inflação.
De janeiro a agosto do ano passado, aponta a prestação de contas do Executivo municipal, a despesa líquida com pessoal foi de R$ 420,018 milhões e avançou para R$ 569,005 milhões no mesmo período deste ano. Em oito meses, a Prefeitura de Parauapebas pagou em salários o que nem a Prefeitura de Marabá consegue pagar em 12.
Passado o efeito da LC 173, que cessa no derradeiro dia deste ano, os servidores do município devem marchar em busca de reajustes, já que, pela inflação acumulada de 2020, período durante o qual não se pôde proceder à revisão salarial, mais a inflação deste ano, a correção — sem ganho real — ultrapassaria os 15%, com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resta saber se (e até quando) uma das prefeituras mais ricas do país vai aguentar esse rojão.
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