Prefeitura de Parauapebas pagou quase R$ 16 milhões em contas de energia em 2024

Valor foi 34% menor que em 2023, quando ex-prefeito Darci Lermen tentou castigar funcionalismo alterando expediente de repartições públicas de seis para oito horas. Prejuízos foram muito maiores que potenciais benefícios, inclusive com aumento alucinante no consumo de materiais de expediente

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Em meio à polêmica medida que põe fim à jornada de trabalho de seis horas corridas na Administração Pública Municipal e retorna o expediente para oito horas, conforme estabelece o Decreto nº 1.204, o prefeito Aurélio Goiano deixou feliz ao menos uma “pessoa” em específico: a concessionária Equatorial. Essa pessoa jurídica faturou “horrores” da última vez em que a prefeitura de Parauapebas se atreveu a mexer no expediente. Foi um tiro de bazuca no pé e saiu mais caro que pagar duas horas extras por dia a todos os servidores administrativos do Poder Executivo municipal. As informações são do Blog do Zé Dudu.

Em 2023, quando o ex-prefeito Darci Lermen tentou, por “birra” com o funcionalismo, impor jornada de trabalho de oito horas nas repartições públicas por meio do Decreto nº 531, acabou se arrependendo da graça. Naquele ano, o pagamento com tarifas de energia elétrica à Equatorial foi de R$ 23,743 milhões, um recorde. Isso porque, entre 12h e 17h, com o sol a pino e o calor ardendo na pele, o consumo de energia nas repartições dá salto triplo carpado para manter centrais de ar ligadas refrigerando os ambientes. Como efeito, a despesa sai mais cara para o cidadão, que é quem paga a conta na ponta.

No ano passado, com jornada de seis horas, a despesa com as contas de energia da prefeitura de Parauapebas caiu para R$ 15,647 milhões, redução de 34%. Os R$ 8 milhões gastos em 2023, em decorrência dos efeitos do expediente de oito horas nas repartições, deixaram de ser investidos em áreas como saúde, educação e infraestrutura urbana, que acabaram sucateadas no ano seguinte.

Despesa com material de consumo

Além de gastar mais energia elétrica, muitos setores e departamentos que não têm atendimento direto ao público também demandam, no mínimo, água, café, açúcar, papel higiênico e produtos de limpeza. São os chamados materiais de consumo, cuja demanda dobra no período vespertino – a água e o café principalmente, para deixar o servidor mais “ligado”, já que o rendimento cai à tarde.

Como exemplo tem-se o custo de material de expediente do Gabinete do Prefeito durante os efeitos da jornada de oito horas em 2023, que ficou em R$ 3,92 milhões, mas que, uma vez revogados os efeitos do decreto, caiu imediatamente para R$ 2,22 milhões ao longo de 2024. Em outras repartições, houve queda de despesa similar de um ano para outro.

De agora para frente, é esperado aumento de despesa da ordem de, pelo menos, R$ 2 milhões por mês enquanto durarem os efeitos do Decreto nº 1.204, mas os resultados práticos esperados ainda são desconhecidos. Em tempos de arrocho nas contas públicas, especialmente em face de dívidas herdadas do governo anterior, atrair mais despesas para si é medida controversa.

Por outro lado, há inúmeros estudos científicos, inclusive internacionais, que apontam que a redução de jornada de trabalho não reduz a produtividade, pelo contrário (veja aqui e aqui). E isso não vale somente para o serviço público, mas também para a iniciativa privada, visto que muitas corporações multinacionais têm implementado a redução da carga horária com foco na produtividade, na saúde e na qualidade de vida do empregado.

4 comentários em “Prefeitura de Parauapebas pagou quase R$ 16 milhões em contas de energia em 2024

  1. Maria Soares Responder

    A maioria dos setores da prefeitura não tem necessidade de funcionamento de 8h, como já falei o município está nessa situação não é pq servidor trabalha 6 h corrida, mas devido a má gestão, que não aplicou os recursos financeiros no seu destino correto.

  2. Light, J. Responder

    A decisão de ampliar a jornada de trabalho para oito horas na Administração Pública Municipal de Parauapebas, estabelecida pelo Decreto nº 1.204, é questionável sob diversos aspectos, especialmente quando analisamos seu impacto financeiro e social, tanto para o município quanto para os servidores.

    No âmbito pessoal dos servidores, a mudança traz um peso significativo. Para muitas trabalhadoras, a necessidade de colocar filhos em creches de tempo integral eleva consideravelmente os custos com educação infantil. Esse aumento de despesas com creche, somado ao maior gasto com combustível e/ou passagens, é ainda mais agravado pela política de auxílio-transporte da prefeitura, que desconta 6% dos vencimentos dos servidores. O resultado é um verdadeiro “perde-perde”: o servidor arca com mais despesas no dia a dia, enquanto o município absorve os altos custos adicionais decorrentes do funcionamento prolongado das repartições, como aumento no consumo de energia elétrica e materiais.

    Adicionalmente, o retorno à jornada de oito horas contraria tendências globais e evidências científicas que indicam que jornadas reduzidas não apenas preservam a produtividade, mas também promovem melhor qualidade de vida e saúde para os trabalhadores. Essa lógica parece ignorada na decisão, apesar dos números claros que apontaram uma economia de R$ 8 milhões em despesas com energia no passado, quando a jornada era de seis horas.

    Por fim, em um momento de restrição fiscal e herança de dívidas, a prefeitura parece ignorar lições do passado e os impactos reais sobre o orçamento público e a vida dos servidores. Ao invés de gerar ganhos claros, a medida cria um cenário de insatisfação entre os trabalhadores e aumento de despesas para a gestão, afetando diretamente a prestação de serviços à população. Uma decisão mais estratégica e equilibrada seria reavaliar essa política à luz de evidências financeiras, científicas e sociais, considerando alternativas que priorizem eficiência e bem-estar, tanto da administração quanto de seus servidores.

  3. Trabalhar bando de preguiçosos Responder

    Que notícia tendenciosa! Tem que trabalhar sim 8 horas. Acostumado ir no posto de saúde, pessoal só enrolando, batendo papos, sem falar que sempre um que fingir passa mal e ia embora. Um site desse devia ter é vergonha de postar uma notícia dessa. Trabalho 11 horas a noite todinha, trampo desgraçados e tô vivo, então 8 horas no ar-condicionado não vai matar esse funcionário público não.
    Piadazedudu.com

    • Eli Azevedo Responder

      Você não entendeu o espírito da coisa. Ninguém está questionado se vai trabalhar 6, 8 ou 24 horas por dia. O ponto é o custo mais elevado pros cofres públicos justamente com o ar ligado no 16… e quem paga essa conta é o cidadão!!!!!!!!!

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