No ano passado, só 14 prefeituras brasileiras – num universo de 5.568 – tiveram fôlego financeiro para fazer mais investimentos com recursos próprios em serviços básicos que a de Parauapebas. Governada por Darci Lermen, a capital do minério tirou do bolso, no decorrer de 2019, um total de R$ 299,48 milhões para tocar prioritariamente serviços de infraestrutura urbana que hoje a tornam um dos maiores canteiros de obras do país.
As informações constam do recém-lançado “Anuário MultiCidades 2021: Finanças dos Municípios do Brasil”, o qual o Blog do Zé Dudu examinou com exclusividade nesta segunda-feira (26). O documento de 204 páginas produzido pela consultoria Aequus para a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) faz uma radiografia das contas públicas das prefeituras, por recortes selecionados, e mostra o que o Blog reportou ao longo dos últimos dois anos: Parauapebas voltou a ter uma das administrações mais dinâmicas do país, do ponto de vista financeiro. Não falta dinheiro.
Nem metade das capitais brasileiras possuem hoje a condição de Parauapebas para tocar obras e investimentos públicos que possam mudar a vida nas cidades e a forma como são percebidas por seus cidadãos. Metrópoles importantes do país, como Porto Alegre (R$ 253,13 milhões) e a conterrânea Belém (R$ 197,12 milhões), ficaram para trás; Goiânia (R$ 323,97 milhões) deve ser engolida em pouco tempo.
A rigor, os investimentos públicos municipais são financiados por recursos próprios das prefeituras, pelas transferências de capital federais e estaduais, pelas operações de crédito e por outras fontes de menor relevância. Parauapebas larga na frente por ser abastecida com os royalties de mineração e por sua gorda participação na fatia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Maior investimento por habitante
Se Parauapebas tem a 15ª prefeitura que mais tira recursos do próprio bolso para atacar os gargalos em infraestrutura, o governo de Jeová Andrade em Canaã dos Carajás é o número 1 em investimento por habitante. O Blog do Zé Dudu detectou que a administração da “Terra Prometida” utilizou R$ 175 milhões nessa área no ano passado e que, se esse montante fosse distribuído entre cada um dos 37 mil habitantes estimados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média seria de impressionantes R$ 4.719 investidos por morador. Nenhuma outra prefeitura daria conta de acompanhar esse galope, nem mesmo a de Parauapebas, onde o investimento per capita foi de R$ 1.438, a 71ª colocação nacional.
Só o que Canaã dos Carajás investiu em infraestrutura em 2019 é mais que suficiente para sustentar 124 das 144 prefeituras paraenses, como a vizinha Xinguara, cuja arrecadação totalizou R$ 134,85 milhões no ano passado, conforme dados levantados pelo Blog junto ao Tesouro Nacional.
Além da presença de destaque de Parauapebas (15ª), Belém (27ª) e Canaã dos Carajás (32ª) no ranking das 100 prefeituras com maior capacidade de investimentos em infraestrutura no país, o Pará também tem outras três representantes: Marabá (R$ 99,54 milhões, na 60ª posição), Barcarena (R$ 65,15 milhões, 97ª) e Santarém (R$ 63,57 milhões, 100ª).