Entre janeiro e agosto deste ano, as 144 prefeituras paraenses movimentaram uma soma de recursos públicos que totalizou R$ 27,311 bilhões, dos quais 48% foram operados pelas 15 mais ricas do estado. A expectativa é de que a arrecadação das prefeituras ultrapasse, pela primeira vez, a cifra de R$ 40 bilhões. No popular, “é dinheiro pra dedéu”.
As informações fazem parte de um levantamento feito com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu nesta segunda-feira (21), que vasculhou dados de órgãos de controle externo e computou as receitas correntes apuradas pelos municípios até o 4º bimestre deste ano. Para os governos sem prestações de contas enviadas ao Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA), ao Tesouro Nacional ou mesmo não publicadas em portal de transparência local, o Blog fez estimativa com base no balanço orçamentário do 4º bimestre de 2023, aplicando-se a inflação.
Nos primeiros oito meses deste ano, apenas quatro prefeituras já eram consideradas bilionárias: Belém (R$ 3,279 bilhões), Parauapebas (R$ 1,626 bilhão), Canaã dos Carajás (R$ 1,254 bilhão) e Marabá (R$ 1,048 bilhão). Na cola, estão as prefeituras de Santarém (R$ 978,44 milhões) e Ananindeua (R$ 907,27 milhões), que romperão a cifra de R$ 1 bilhão até o próximo réveillon.
Juntas, as 15 prefeituras que mais arrecadaram até agosto deste ano [confira abaixo o ranking] movimentaram R$ 13,03 bilhões, reforçando que a capital estadual, as capitais regionais e os centros locais mais importantes do Pará também concentram o “filé” do dinheiro público.
No outro extremo, as administrações municipais como os menores faturamentos este ano são Bannach (R$ 22,96 milhões), Abel Figueiredo (R$ 27,96 milhões), Magalhães Barata (R$ 31,36 milhões), Brejo Grande do Araguaia (R$ 31,55 milhões), Sapucaia (R$ 34,62 milhões) e Pau D’Arco (R$ 35,19 milhões). Todas elas, contudo, têm os menos números de habitantes para cuidar no Pará.
Representantes nacionais
Belém, Parauapebas, Canaã e Marabá são as representantes paraenses de peso no ranking das 100 prefeituras que mais arrecadaram até agosto no Brasil, embora as posições possam mudar no consolidado de 12 meses, com Marabá saindo do grupo.
A capital paraense, que concentra um terço da movimentação de serviços no estado, é a 21ª colocada nacional em arrecadação, mas sua posição é tão “desconfortável” que a deixa atrás de municípios bem menos populosos, ainda assim mais dinâmicos economicamente, como os petrolíferos fluminenses Maricá (R$ 4,38 bilhões), Niterói (R$ 4,16 bilhões) e Duque de Caxias (R$ 3,39 bilhões); os industriais paulistanos São Bernardo do Campo (3,82 bilhões) e Barueri (R$ 3,57 bilhões), sem se esquecer das multisserviçais Campinas (R$ 5,68 bilhões) e Guarulhos (R$ 4,25 bilhões); e as capitais Campo Grande (R$ 3,64 bilhões), São Luís (R$ 3,54 bilhões) e Maceió (R$ 3,47 bilhões). Mergulhada no passado e parada no tempo, Belém não consegue atualmente atrair investimentos privados de grande porte.
Já Parauapebas e Canaã dos Carajás ganham bastante dinheiro à custa da mineração praticada em seus territórios e que lhes rende fartos royalties e impostos, o que eleva a receita. No caso específico de Canaã, que há três anos consecutivos ostenta a prefeitura que mais enriquece, o governo municipal ajunta tanto dinheiro em poucos meses que — que se não houver malversação e corrupção — nos próximos anos os moradores terão condições de circular em asfalto banhado a ouro.
Parauapebas, que também arrecada muito para seu porte populacional, é outro que já deveria contar com ruas “douradas”, mas a realidade é um verdadeiro pesadelo, com ruas esburacadas na periferia, muitas delas intrafegáveis. Tendo acumulado cerca de R$ 20 bilhões em dinheiro vivo em apenas uma década, o município convive com vários dramas de cidades subdesenvolvidas, como esgoto a céu aberto, falta de água encanada, precariedade na infraestrutura urbana, ocupações irregulares e processo de favelização.
No Pará como um todo, a população continua alheia aos vultosos recursos públicos que entram nos cofres, mas que nem de muito longe são revertidos de forma eficiente na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. O estado conta com algumas das cidades menos desenvolvidas do país, com os piores indicadores de progresso social, e tudo por culpa de uma associação de equívocos e tropeços, a começar pela escolha de gestores malfazejos, que mal utilizam o dinheiro público — muitas vezes, em benefício próprio.
Doses cavalares de corrupção aniquilam as cidades paraenses, condenam-nas à condição de perpétuas pocilgas urbanas e revelam um só desfecho: mesmo com toneladas de dinheiro em conta, nada muda.
2 comentários em “Prefeituras do Pará movimentaram R$ 27 bilhões até final de agosto”
Região de Carajás já ultrapassou a região metropolitana de Belém, ainda sim somos a região que menos recebe investimentos, ja basta do reinado do “reizinho do Norte”.
Corrupção impera no Pará, uma pena!!! O estado tinha tudo pra ser o melhor do Brasil, em tudo falando!!! Mas é o contrário.