Entre palco, iluminação, camarotes, trios elétricos, artistas e shows, dez cidades paraenses vão gastar juntas cerca de R$ 2,5 milhões para bancar a folia de carnaval deste ano. Esse valor é apenas 10% do que certamente é real, já que, até o momento, poucas prefeituras encaminharam informações ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) sobre os processos licitatórios dos festejos de momo que estão acontecendo em cerca de 100 dos 144 municípios paraenses.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que nesta segunda-feira (24) mapeou os gastos das administrações com os eventos que estão realizando. De sábado (22) até amanhã, terça-feira (25), muitas cidades paraenses vão ferver com atrações locais, regionais e nacionais, como Lucas Lucco (veja aqui), que ficou de fazer show em Breves, cuja prefeitura não consegue equilibrar as finanças e está enrolada com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no tocante ao comprometimento da receita líquida com a folha de pagamento, de acordo com informações prestadas pela prefeitura do município aos órgãos fiscalizadores. A folha de pagamento de Breves sequestra 64,07% da receita.
Problema com a LRF parecido tem a Prefeitura de Óbidos, que encerrou 2019 gastando absurdos 71,37% da receita líquida com pessoal (quando o máximo permitido em lei é de 54%). Ainda assim, o governo local está injetando pelo menos R$ 655 mil com o evento carnavalesco.
No Pará, tudo é festa
O município campeão em gastos com o carnaval é Barcarena, cujo governo é o 7º mais rico do Pará. Lá, três processos licitatórios da prefeitura contrataram shows diversos, com artistas regionais e nacionais. A ostentação começa com a licitação de R$ 422 mil para pagar 12 shows, entre os quais o da banda Timbalada (veja aqui). Outra licitação, no valor de R$ 250 mil, foi pagar à parte o show de Márcia Fellipe (veja aqui), que, estranhamente, saiu mais caro que os R$ 240 mil da dupla Maiara & Maraísa, sertanejas que estão estouradas nas paradas de sucesso do Brasil (veja aqui). No total, a população de Barcarena vai tirar do bolso, só com shows, mais de R$ 900 mil.
Outra prefeitura rica que também está investindo no carnaval é Canaã dos Carajás, que desembolsou R$ 145 mil com o show de Os Barões da Pisadinha (veja aqui) e R$ 60 mil com a banda Forró do Muído (veja aqui). Já em Cametá, onde o carnaval é um dos mais comentados do estado, a prefeitura declarou gastos, por enquanto, apenas com estrutura: aproximadamente R$ 119 mil para montar arquibancadas, camarotes, banheiros químicos (veja aqui).
O município de Marabá, que tem o carnaval mais concorrido da região de Carajás, tem sido bastante econômico nos últimos anos no quesito festas populares com dinheiro público. Poupar, aliás, é bem o perfil de Tião Miranda, prefeito que, de longe, é visto como o mais operacional do sudeste paraense. A prefeitura comandada por ele autorizou apenas R$ 100 mil para despesas com festa de carnaval na Velha Marabá (veja aqui).
O Blog também observou gastos públicos com a folia nos municípios de Marituba (veja aqui e aqui), Oriximiná (veja aqui ), Óbidos (veja aqui, aqui e aqui ), Jacareacanga (veja aqui) e Quatipuru (veja aqui). Os demais municípios, que também fizeram gastos e ainda não encaminharam os processos ao TCM, só mostram como a prioridade é farra com dinheiro público, escondendo o jogo da população.