Presidente da Caixa Econômica Federal escreve à Veja sobre irregularidades na Mega-Sena da Virada 2009

A respeito da reportagem intitulada "Quase deu zebra…", publicada na edição de 29 de dezembro da revista VEJA, registro que em momento algum esta presidência tornou conhecimento de suposta denúncia, seja por carta, correspondência eletrônica ou outro meio, não tendo determinado nenhuma investigação envolvendo a atuação do então vice-presidente Moreira Franco, como cogitado por essa revista. Nesse sentido, destaco que, tão logo tornei conhecimento dos fatos ocorridos no sorteio da Mega da Virada 2009, solicitei a abertura de apuração pela auditoria interna, que apontou não ter havido irregularidades, inconformidades ou qualquer situação inadequada nos procedimentos adotados pela Caixa. Por fim, reafirmo junto ao público apostador, que a cada dia mais confia e aposta em nossas loterias, a responsabilidade, transparência e lisura com que a Caixa Econômica Federal administra as loterias federais do Brasil há mais de 48 anos, refletidas no sucesso que é a Mega da Virada.

Maria Fernanda Ramos Coelho
Presidente da Caixa Econômica Federal

Confira a reportagem de Veja que provocou a resposta da presidente Maria Fernanda clicando no MAIS logo abaixo.

Quase deu zebra

Assessor revela que a Caixa Econômica investigou o PMDB por suspeita de fraude no sorteio da Mega-Sena

O sorteio das loterias oficiais pode ser fraudado? Segundo a Caixa Econômica Federal, não. O sistema e absolutamente seguro. Desde que a exploração de apostas foi autorizada, em 1961, nunca surgiu uma evidência concreta de que alguma vez isso tenha ocorrido. Mas suspeitas sempre existiram e uma delas quase inviabilizou a primeira edição da chamada Mega-Sena da Virada no ano passado, quando estava em disputa o maior prêmio da história das loterias brasileiras: 144 milhões de reais. Em segredo, a Caixa investigou uma denúncia segundo a qual os números que seriam sorteados na noite de 31 de dezembro de 2OO9 estavam predefinidos e o milionário prêmio já tinha destine certo: O cofre de políticos do PMDB. A investigação, amortizada em caráter sigiloso pela presidente da Caixa, Maria Fernanda Coelho, mirava o então vice-presidente de Loterias, o ex-governador Wellington Moreira Franco, futuro ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos no governo de Dilma Rousseff, apontado como mentor da suposta fraude.

Em vez de acionar a polícia, a Caixa decidiu nomear um investigador. O escolhido para a missão foi Max Mauran Pantoja, consultor da presidência da Caixa, funcionário da instituição há mais de quinze anos e especialista na área de jogos. À VEJA, ele afirmou ter recebido a tarefa da própria Maria Fernanda, indicada pelo PT. O consultor conta que foi incumbido de averiguar se as normas destinadas a garantir a transparência do concurso seriam devidamente cumpridas. Pantoja foi pessoalmente a São Paulo acompanhar o sorteio. Deu-se, na ocasião, um grande tumulto. Minutos antes do sorteio, ele acusou um subordinado direto de Moreira Franco de desrespeitar as normas que regem os sorteios da Caixa. Dizia, por exemplo, que as bolas não haviam sido conferidas antes de ser colocadas dentro do globo. Houve bate-boca, Max Pantoja tentou impedir o sorteio, mas acabou retirado do local por seguranças. O prêmio de 144 milhões foi dividido entre dois apostadores.

O tumulto nunca foi devidamente esclarecido. Max Pantoja confirmou a investigação sobre.a lisura do sorteio: "Combinei uma série de procedimentos para fortalecer as medidas de segurança, de lisura e de transparência do processo e na hora já percebi que algumas medidas combinadas não estavam sendo adotadas".. Ele afirma que, além das denúncias, era preciso redobrar a atenção porque a superintendência de loterias estava estreando naquele sorteio, um equipamento novo, recém-comprado de uma fabricante francesa. "Eu tinha exigido que auditores da Caixa acompanhassem cada passo, desde a abertura das malas que acomodam as bolas ate a colocação delas nas máquinas de sorteio. Tem de fazer a conferência das bolas. É um rito necessário", afirmou. E, no fim, as bolas foram conferidas? Max Pantoja diz que não sabe. "Até o momento em que fui retirado, não." Pantoja coma que, logo após ter sido expulso do palco, comunicou o ocorrido à presidente da Caixa..

"Depois acompanhei os resultados pela imprensa com alívio ao ver que a numeração cantada na denúncia não havia sido a numeração sorteada".

Procurado por VEJA, Moreira Franco afirmou desconhecer que a presidência da Caixa tivesse determinado investigações sobre sua área de atuação. Ele contou ter conversado com a presidente Maria Fernanda apenas sobre a confusão ocorrida no palco. "Esse funcionário tem problemas de natureza psicológica", acusou. Moreira Franco afirmou que foi aberta uma sindicância para investigar o episódio o que a Caixa nega. As outras explicações oficiais do banco também contrastam com as versões dos demais envolvidos. A instituição diz, por exemplo, que Max Pantoja foi enviado a São Paulo para "reunir elementos para subsidiar o processo de organização das transmissões televisivas" de sorteios futuros. Estranho, até porque o que o consultor fez foi atrapalhá-lo e não foi punido por isso. A Mega-Sena da Virada, no próximo dia 31, vai ser sorteada novamente em São Paulo, e o prêmio deve chegar a 150 milhões de reais. (Veja)

[ad code=1 align=center]