Ao inaugurar, ao lado do governador Simão Jatene, na sexta-feira (6), a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto de Marabá), o presidente da Cosanpa (Companhia de Saneamento do Pará), Cláudio Luciano da Rocha Conde, disse ao Blog que está preocupando com a pouca quantidade de domicílios ligados à ETE e pediu ajuda da Imprensa para informar as pessoas sobre os benefícios de conectar o esgoto sanitário de suas residências e comércios ao novo sistema da Cosanpa.
Ocorre que, a partir do momento em que é feita a ligação de esgoto num domicílio, a conta de água vai aumentar 60% por causa do novo serviço. Em algumas cidades se cobra 80% e em outras até 100%.
O processo do esgoto é totalmente independente do da água e trata-se de outra prestação de serviço, pois há uma estrutura específica para a coleta e o tratamento do esgoto. Quando o cidadão dá descarga em sua residência ou comércio, o esgoto segue para a rua, onde é coletado por tubulações, que por gravidade conduz o esgoto até as elevatórias, onde o mesmo é bombeado até chegar à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) localizada no bairro Amapá. Há custo de manutenção das redes coletoras, operação e manutenção das elevatórias e das estações de tratamento. E isso é muito caro. “O mais importante de tudo, segundo ele, é que os cidadãos tenham consciência de que tratamento de esgoto é saúde pública”, explica o presidente.
Segundo ele, quando a população recebe esgoto tratado, normalmente caem bastante os índices de urgência e emergência nos postos de saúde e nos hospitais públicos. “Isso é praticamente um tratamento preventivo de saúde. E, depois, uma estação de tratamento de esgoto”, reforçou.
Conde disse que a ETE, cujo investimento foi de R$ 116 milhões, conforme anunciou o governador, está pronta para atender a 75 mil pessoas, o equivalente a 17 mil domicílios. Porém, lembrado pelo repórter do Blog que muitas pessoas ainda estão resistentes quanto a ligarem seus domicílios à rede de esgotos, ele disse que, embora o sistema possa atender a quase 20 mil domicílios, hoje, exatamente por essa resistência, apenas 1.500 já estão interligados.
O presidente da Cosanpa enfatizou que o esgoto tratado vai evitar, por exemplo, que as crianças sofram de diarreia e ajuda na diminuição de doenças infectocontagiosas. “Tudo isso é motivador para a saúde”, salientou, acrescentando: “Marabá hoje tem o privilégio de ter a maior Estação de Tratamento de Esgoto da Cosanpa”.
Indagado a respeito da criação de uma lei que torne obrigatória a interligação dos domicílios à rede de esgotos, o que já acontece em vários municípios brasileiros, Conde afirmou que já vem mantendo conversação com a Câmara Municipal de Marabá para que aqui também seja criada uma lei com o mesmo objetivo.
COMO FUNCIONA A ETE?
O sistema consiste na coleta e tratamento, por meio de filtragens, os dejetos da rede de esgotamento sanitário de residências. Na primeira fase coletam-se os resíduos in natura das residências, a partir das redes coletoras, e separam-se as substâncias sólidas das líquidas.
O segundo passo, denominado Digestor Anaeróbico de Fluxo Ascendente (Dafa), trata as substâncias separadas no processo anterior com o auxílio de bactérias anaeróbicas, que limpam a água por meio de um processo químico. Por fim, a água limpa vai para uma calha e ao final do processo, retorna ao efluente com aproximadamente 90% de pureza.
A estação vai produzir resíduos, como o lodo, que poderá ser aproveitado como fertilizante orgânico por empresas ou projetos voltados à agricultura. Todo o tratamento também produz gás metano, que será captado e armazenado numa estação de biogás que, futuramente, poderá ser reutilizado na produção de energia renovável.
Água
Questionado acerca do abastecimento de água em Marabá, uma vez que no ano passado, com o nível do rio muito abaixo do normal, a cidade amargou a falta do líquido e teve de enfrentar até racionamento, Cláudio Conde disse que “este ano o abastecimento está garantido”.
“Aquele esquema de bombeamento que foi feito [emergencialmente] está mantido. Porém, mesmo assim, com as nossas projeções de afluência este ano e em 2019, teremos dois anos sem problema algum de abastecimento”, assegurou Conde.
Ele afirmou que essa folga dá tempo suficiente para que a Cosanpa providencie um sistema mais profundo de captação. “Paralelamente a isso, estamos terminando outra captação, que vai reforçar o sistema atual, na Folha 29, já próximo da ponte. Caso ela estivesse pronta no ano passado, não teríamos tido racionamento”, concluiu Cláudio Conde.