Presidente do BNDES diz que ferrovia paraense é estratégica para o País

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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, já tinha duas convicções formadas quando saiu da sala de reuniões da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia Pará (Sedeme), na noite desta sexta-feira (24), após um encontro de 90 minutos com o secretário Adnan Demachki.

A primeira convicção é de que já está na hora de tirar do papel e tornar realidade o projeto da Ferrovia Paraense, uma das mais importantes apostas do governo local para consolidar o potencial logístico e aproveitar a localização estratégica do Estado. “Chega de conversa. Vamos agir!”, prometeu Rabello, sem esconder o entusiasmo e deixando claro que o BNDES tem interesse em participar do financiamento.

A segunda certeza do economista carioca, um dos profissionais mais respeitados do País, doutor pela Universidade de Chicago, ex-coordenador do Movimento Brasil Eficiente e presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até assumir o BNDES, em junho de 2017, é de que o Pará está no caminho certo na busca pelo crescimento sustentável. Ele elogiou o Projeto Pará 2030, que é o grande guarda-chuva das ações do Estado, com alcance transversal e impacto em todos os segmentos produtivos identificados como prioritários.

O projeto é fundamentado na verticalização de 14 cadeias de produção e alinhavado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável preconizados pela Organização das Nações Unidas, com foco no combate à desigualdade e à pobreza.

“Fiquei muito bem impressionado com a proposta desenvolvimentista planejada pelo governo do Estado, visando levar o Pará a se equiparar à renda média do Brasil em 2030”, destacou. “O Pará é um estado que, ao longo de sua história, tem contribuído muito com o Brasil”, reconhece Paulo Rabello. “Mas agora é a hora do Estado escrever o seu próprio futuro”.

O projeto

No encontro com Adnan Demachki e membros da equipe da Sedeme, Paulo Rabello conheceu os detalhes da Ferrovia Paraense, fez questionamentos e declarou-se satisfeito com os esclarecimentos. O presidente do BNDES e o secretário estadual de Desenvolvimento trocaram ideias acerca da viabilidade do projeto, do envolvimento dos futuros usuários e, é claro, da possibilidade de o Banco Nacional de Desenvolvimento tornar-se parceiro no financiamento da obra.

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“A Ferrovia Paraense tem um grande valor estratégico. A conexão prevista com a Ferrovia Norte-Sul dá ainda mais relevo à sua importância nacional”, aponta. “Mesmo que não houvesse essa conexão, ela já é uma ferrovia estratégica, porque vai escoar a produção paraense, dos setores mineral, agrícola e pecuário, mas também dos produtores vizinhos, principalmente do Mato Grosso”, observa.

“Nós, do BNDES, temos o maior interesse em que esse projeto da ferrovia, assim como outros grandes projetos do Pará que estão sob análise do banco, saiam do papel e virem realidade”, disse. Ele ainda garantiu que vai tratar do assunto com os técnicos do BNDES, que já receberam a proposta do Pará e estudam a melhor maneira de viabilizá-la. “Vamos trabalhar para resolver isso no menor prazo possível”, garantiu.

Ambiente preservado

A Ferrovia Paraense terá 1.312 km de extensão, passará por 23 municípios, vai conectar todo o leste do Pará, desde Santana do Araguaia até Barcarena, atendendo a uma das maiores províncias minerais do mundo e a grande fronteira do agronegócio, que ainda carecem de logística apropriada, com potencial para o transporte mais barato de ferro, bauxita, grãos, fertilizantes e combustíveis, entre outras cargas.

O projeto permite o acesso de produtores de minério e do agronegócio em todo o País a uma rota estratégica de exportação, pelo Porto de Vila do Conde, que encurta a distância entre o Brasil e os principais destinos das exportações: os portos de Rotterdam, na Europa; de Xangai, na China; e de Miami e Los Angeles, nos Estados Unidos, normalmente acessados pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

Todo o traçado da ferrovia foi definido para produzir o menor impacto possível ao meio ambiente. Além disso, a ampliação do modal de transporte ferroviário, por si só, já garante a redução de fatores de poluição ambiental, como as emissões de dióxido de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO), gases responsáveis pelo aumento do efeito estufa.

Outra vantagem da Ferrovia Paraense é o fato de que ela também transportará passageiros, tal e qual faz a estrada de ferro Carajás. Isso vai facilitar a integração dos paraenses e reduzir o tráfego de veículos, principalmente na rodovia PA-150.

O presidente do BNDES disse que, tão logo chegue ao Rio de Janeiro, vai tratar do assunto com o corpo técnico da instituição. (APN)