Uma disputa nos bastidores da Sessão Solene de abertura do Ano Legislativo, nesta segunda-feira (5), chama atenção: a pressão, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), ecoando vozes de outros líderes partidários, para a substituição do ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, a quem é atribuída uma série de quebra de acordos com os deputados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aceita, entrou em campo e escalou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, para conter o movimento. Ocorre que Costa é detestado pela maioria dos deputados do Centrão e o impasse deve escalar, azedando ainda mais a relação de disputas entre os dois Poderes. Lira e Padilha não se falam mais.
Nos últimos dias, para deixar registrada a sua insatisfação, o presidente da Câmara faltou à sessão de abertura do ano judiciário, à posse do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e ao ato Democracia Inabalada, que marcou um ano da tentativa de golpe no País, em 8 de janeiro.
Centrão quer a cabeça de Nísia
Outro alvo do Centrão é a ministra da Saúde, Nísia Verônica Trindade Lima, cujos comentários nas rodas do grupo são impublicáveis em referência à titular de uma das pastas mais importantes do governo.
Expoentes do Centrão acusam a ministra de atrasar a liberação dos recursos de emendas parlamentares por parte do Ministério da Saúde. Lira culpa Padilha, padrinho da titular da Saúde, Nísia Trindade, por bloquear as verbas. Além disso, o Centrão nunca desistiu de lutar para ocupar a cadeira de Nísia.
Lula quer que, a partir de agora, as conversas com Lira sejam encaminhadas por Costa. Nesse arranjo, Padilha fica, ao menos por enquanto, com o “varejo” das tratativas com os líderes dos partidos. Mas o presidente e o deputado também devem se reunir ainda neste mês para discutir a relação. No Senado, Lula tem se aproximado do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nome que pretende apoiar na disputa para o governo de Minas, em 2026.
O problema do modelo planejado por Lula é que Rui Costa não tem jogo de cintura política. A relação dele com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também não é boa. Padilha, ao contrário, compõe o time dos defensores de Haddad no governo e no PT. De qualquer forma, o presidente precisa de um interlocutor com Lira e, além do titular da Fazenda — que conversa com ele e já teve alguns embates ali —, vai testar Costa nesse jogo.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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