Parece que o Pará está mesmo predestinado a levar o Brasil nas costas antes, durante e depois que a pandemia do novo coronavírus passar. Maior economia do Norte do país e 5º maior exportador da nação, o estado registrou aumento considerável na atividade industrial em abril, primeiro mês cheio da Covid-19, desde que o caso número um surgiu por aqui. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu e acabam de ser publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em abril, a produção da indústria paraense — altamente concentrada nas milhões de toneladas de minério de ferro que saem dos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás — cresceu 4,9% em relação a março e oito vezes mais em relação a abril do ano passado. Das 15 regiões industriais do país, só o Pará e Goiás (+2,3%) escaparam de quedas que chegaram a 46,5% no Amazonas e 33,9% no Ceará.
Além de ostentar o crescimento nacional mais intenso, o Pará tem o melhor abril em todas as quatro bases de comparação do IBGE: cresceu em relação a março (4,9%); em relação a abril de 2019 (37,6%); no acumulado de janeiro a abril desde ano (5,8%); e em 12 meses corridos, de maio de 2019 a abril de 2020 (2,5%). Nenhuma Unidade da Federação ou região pesquisada pelo IBGE conseguiu números tão expressivos.
Em abril, o Brasil amargou queda de 18,8% na atividade industrial em relação ao mês imediatamente anterior e a baixa chegou a 27,2% em relação a abril do ano passado. O mês foi considerado o pior da história do país, desde que a série histórica da indústria nacional começou a ser computada.
Queda generalizada em maio
Tempos ainda mais difíceis virão e, desta vez, nem mesmo o Pará vai escapar. A julgar pelas exportações processadas em maio, grande termômetro da indústria nacional, o Pará também irá à lona na próxima divulgação da atividade industrial do IBGE, prevista para 8 de julho. Ontem (8), conforme o Blog do Zé Dudu divulgou (aqui) as exportações paraenses de minério de ferro tombaram 20% em relação a abril e 33% em relação a maio do ano passado. Matematicamente, é um péssimo prognóstico para a produção a ser consolidada pelo IBGE para o mês de maio porque o minério de ferro representa nada menos que 90% da tonelagem das commodities consideradas “industriais” produzidas no estado.
Para calcular o ritmo da atividade da indústria, o instituto leva em consideração tonelagens produzidas em segmentos selecionados (no caso do Pará, as áreas são extração de ferro, cobre, bauxita, transformação mineral, indústria madeireira, de bebidas e alimentícia). E, em maio, as milhões de toneladas do minério de ferro se viram obrigadas a sucumbir ao avanço da Covid-19 em Parauapebas e Canaã dos Carajás, maiores produtores do país. A queda será fatal.