A produção industrial paraense foi a que mais cresceu no Brasil de maio para junho, entre os 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação positiva foi de 4,9% e, isolando o mês de junho, o aumento foi de 2,7% este ano em relação ao mesmo período do ano passado. As informações acabam de ser divulgadas pelo IBGE, e o Blog do Zé Dudu analisou os dados.
O problema é que o estado teve um dos piores desempenhos de primeiro semestre desde que a série histórica da pesquisa de produção industrial regional passou a ser feita, em 2002. E a razão desse desempenho ruim vem de Carajás, onde a mineradora multinacional Vale tem atividade industrial de extração de minério de ferro nos municípios de Parauapebas (Serra Norte), Canaã dos Carajás (Serra Sul) e Curionópolis (Serra Leste).
O Blog levantou que no primeiro semestre de 2018 o complexo de Carajás produziu, sem ajustes, 84,91 milhões de toneladas de minério de ferro, enquanto no mesmo período de 2019 foram 76,32 milhões de toneladas, o que impactou sobremaneira no resultado global da atividade industrial paraense. Isso porque a indústria extrativa mineral é quem tem maior peso entre os 32 produtos cobertos pelo levantamento do IBGE. Na cesta desses produtos, o minério de ferro é que possui o mais espectro.
Parauapebas derruba Pará
Maior produtor municipal de minério de ferro do país, Parauapebas entregou no primeiro semestre deste ano 42,38 milhões de toneladas, o menor volume desde 2012. Para se ter ideia da baixa, no mesmo período do ano passado o município produziu 57,24 milhões de toneladas. Esse resultado teve repercussão na indústria paraense, cuja economia como um todo é altamente dependente da atividade minerária, de onde vários municípios obtêm compensações financeiras e cotas de impostos mais elevadas que o normal, como o próprio Parauapebas. O Governo do Estado também fatura tanto com as mesmas fontes de receita quanto com uma taxa de fiscalização própria sobre a lavra em escala industrial.
O resultado paraense só não foi pior porque a retirada de minério de ferro em Canaã dos Carajás, por meio do projeto S11D, avançou de 25,72 milhões de toneladas em 2018 para 32,25 milhões nos primeiros seis meses deste ano.
As quedas registradas no Espírito Santo (12%), Minas Gerais (5,6%) e Mato Grosso (4,7%) superaram o desempenho ruim do Pará no semestre.