Durante o evento de apresentação do balanço de gestão do Ministério da Saúde, realizado nesta quinta-feira (13), em Brasília, o ministro Ricardo Barros anunciou que pretende instalar o sistema de biometria para controlar os horários de trabalho dos médicos e assim poder cobrar mais produtividade dos profissionais.
“Vamos parar de fingir que a gente paga médicos e o médico fingir que trabalha. Isso não está ajudando a saúde do Brasil”, declarou o ministro. Tal medida, de acordo com o gestor, se dá em função das dificuldades que o usuário tem de encontrar médicos nas unidades básicas de saúde.
Os profissionais são contratados ou concursados para trabalharem quatro horas, neste período devem atender pelo menos 16 pacientes, gastando em média 15 minutos em cada consulta, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
O problema é que na prática isso não ocorre, os usuários das unidades básicas de saúde em Parauapebas-PA comprovam isso diariamente. “Eu quase sempre consigo minha consultas por que sou hipertenso e idoso, então tenho prioridade, mas acho horrível ter que chegar à unidade de saúde às sete e meia da manhã e o médico chegar só nove horas, aí, ele consulta todo mundo rapidinho e 11 horas já vai embora, eu já fiquei observando e isso acontece direto”, afirma o aposentado Moisés Alves Carvalho.
A ideia do ministro é criar um controle de produtividade, em que profissionais cumpram a jornada de trabalho. O primeiro passo já foi dado para alcançar esse objetivo com o processo de informatização das unidades de saúde, que em Parauapebas também já foi iniciado, por conta da implantação do prontuário eletrônico.
O governo federal pretende informatizar todas as unidades básicas de saúde até o fim de 2018. Para isso, a pasta deverá repassar um recurso mensal suficiente para financiar 50% dos custos com a empresa fornecedora dos serviços.
De acordo com Barros, em locais que contam com o sistema de biometria, cerca de metade dos médicos pede demissão. “Eles têm vários trabalhos, não conseguem cumprir a jornada e acabam abandonando o serviço quando há maior controle da jornada”, disse. O ministro afirmou que a média de comparecimento de médicos identificada até o momento é de 30%. “Isso vai mudar com a biometria”, completou.
O ministro alertou que essa dificuldade com a classe ocorre por conta de muitos municípios não ofertarem salários satisfatórios, estimulando assim o profissional a buscar outros postos de trabalho para melhorar a renda, por isso, os municípios, devem aumentar os salários pagos para os profissionais.
Quando o profissional não cumpre a jornada de trabalho devida na unidade básica de saúde, sobrecarrega unidades das redes de urgência e emergência, como UPA e o Pronto Socorro. “Lá o paciente sabe que vai encontrar médico”, afirma o ministro, destacando que os municípios ficarão obrigados a repassar a informação sobre a produtividade dos profissionais para o ministério.
Em Parauapebas, a Secretaria de Saúde assinou há meses um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Estado para a implantação da biometria para acompanhamento da jornada de trabalho dos funcionários da Semsa, mas, até o momento, processo está em fase de cotação de preços, informou o secretário Francisco Cordeiro. Já por parte do MP, foi informado que este vai consultar o andamento de mais esse TAC e que pretende cobrar na justiça sua imediata implantação, já que, assim como pensa o ministro, é preciso mais controle sobre o horário de trabalho dos médicos. (Com informações do site do Ministério da Saúde)