Na região de Eldorado dos Carajás (PA), o produtor Marcelo Freitas enfrenta uma situação complicada, que representa a violência que se emprega no sul do estado a respeito da disputa de terras. Freitas teve sua fazenda, a Serra Norte, invadida no último dia 28 de outubro, quando ocorreu queima da sede e de veículos e morte dos animais, fruto de uma ação de guerrilha.
No início da semana, os invasores retornaram a fazenda e atiraram à distância contra os pedreiros que estão reconstruindo a sede. A fazenda, segundo o proprietário, tem como atividade principal a pecuária e já estava com a área preparada com o milheto para iniciar o primeiro plantio de soja do município.
Consternados com a situação, Marcelo e outros produtores resolveram iniciar uma ação midiática, com um vídeo em formato de comercial, com 30 segundos, para distribuir a todas as redes eletrônicas do Brasil, relatando a situação ocorrida no estado e procurando iniciar uma “guerra ideológica”. O produtor aponta que os produtores “não querem guerra, querem a paz”. Veja o vídeo:
Invasão
O produtor descreve os invasores como “guerrilheiros” e “tudo, menos produtores rurais sem-terra”. “O produtor rural trabalha e não tem tempo de fazer o que eles estão fazendo. Eles atacam, roubam e estão prejudicando a produção do estado”, diz.
Marcelo conta que os animais roubados estão sendo abatidos ilegalmente e suas carnes estão sendo vendidas para os açougues sem inspeção sanitária e sem controle, trazendo problemas também para o setor produtivo do Pará, que se vê pronto para ser certificado como livre de Febre Aftosa.
No período entre 8 de agosto, quando a fazenda foi invadida pacificamente e o produtor entrou com uma liminar de reintegração de posse e 28 de outubro, quando a sede foi invadida com armamentos, o gado de Marcelo vinha sendo roubado.
Ele descreve que na última invasão, foram sequestrados funcionários e pessoas – entre elas deficientes e crianças de colo – foram humilhadas e ameaçadas com revólveres na cabeça. Houve também a explosão feita com bananas de dinamite, que foram recolhidas pelo exército na propriedade.
Chegou também a informação de que um funcionário do exército estaria envolvido com os guerrilheiros, o que justificaria a presença de armas que não são permitidas aos cidadãos. O produtor comunicou ao Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que respondeu que iria averiguar a situação. Ele também entrou em contato com o Exército em Brasília, mas não obteve resposta.
Situação atual
Marcelo Freitas relata que o clima na região de Eldorado dos Carajás continua “muito tenso”, com grupos de invasores agindo em outras fazendas depois do dia 28 de outubro. A situação segue amedrontando os produtores, que são molestados com telefonemas de números desconhecidos com ameaças a respeito da posse das fazendas.
A fazenda de Marcelo, assim como várias outras, foram adquiridas diretamente do governo estadual. “É um título do estado, 100% documentado, que cumpre o estatuto social”, conta o produtor rural.