O Pará, que sempre apareceu no cenário nacional como um dos campeões de desmatamento no país, começa a mudar essa realidade. Uma das ações estaduais de combate ao desmatamento é o Projeto de Recomposição Florestal Produtiva por Sistema Agroflorestais (Prosaf), coordenado pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio).
O projeto tem mais de 200 viveiros implantados em 75 municípios paraenses. Em 2020, mesmo no contexto da pandemia da Covid-19, o projeto produziu a média de 1,8 milhões de mudas.
Segundo o Ideflor-Bio, a iniciativa contribui para a recomposição florestal produtiva de áreas alteradas em propriedades de agricultores familiares e configura uma ferramenta de política institucional que auxilia o estado no alcance das suas metas de redução do desmatamento, a exemplo do Plano Estadual Amazônia Agora, no qual o Pará assumiu o compromisso de recompor áreas alteradas na ordem de 5.6 milhões de hectares até 2030.
“Até hoje, infelizmente, ainda predomina em nosso estado o sistema de produção ‘derruba-queima-planta’ e nos dedicamos para fazer uma frente a isso, mostrando ao agricultor que existem outras alternativas e ferramentas de produção que proporcionam a utilização da mesma área por muito mais tempo, diversificando a sua base produtiva, distribuindo renda na propriedade e também promovendo a redução do passivo ambiental. A ideia é que eles tenham um novo horizonte. Esse esforço traduz a essência do Prosaf”, destaca Kleber Perotes, diretor de Desenvolvimento da Cadeia Florestal (DDF) do Ideflor-Bio.
De acordo com a presidente do Instituto, Karla Bengtson, a principal estratégia de promoção da recuperação florestal produtiva é o plantio de Sistemas Agroflorestais – SAFs Comerciais-, no qual os produtores começam a sair da dependência do ciclo de produção das culturais anuais, como a mandioca, e podem expandir a produção e comercialização de outros produtos, como o açaí, cacau, pupunha, muruci, paricá, andiroba, cumaru e maranhoto.
“Os SAFs reúnem as culturas anuais, frutíferas e essências florestais com especial atenção as que constam na lista da flora amazônica ameaçada de extinção. O projeto permite que o Instituto reforce o apoio e o fomento ao florestamento e reflorestamento de áreas alteradas, com a maior atenção à proteção ambiental”, explica Karla Bengtson.
Ela ressalta que, após a formalização do pedido de prefeituras municipais, associações, sindicatos e outras entidades, por meio de ofício, ao Instituto, equipes do projeto realizam uma visita aos agricultores familiares, com a apresentação do conjunto de estratégias do projeto e inicia um diálogo para a implantação dos viveiros, os quais integram diferentes tecnologias desde a sua estrutura de montagem até os insumos utilizados, e reprodução de mudas.
“Sempre se trabalhou na agricultura familiar a produção de mudas em sacolas plásticas, por exemplo. Já o projeto do Ideflor-Bio vem trazendo a produção de mudas em tubetes, tecnologia inovadora para o ponto de vista da agricultura familiar, que vem dando muito certo, porque utiliza tempo, espaço e esforço na produção. Os produtores passam por capacitações realizadas pelo órgão”, acrescenta o diretor do DDF.
As ações do programa também são desenvolvidas no Programa Territórios Sustentáveis (TS), dentro da estratégia Amazônia Agora, do Governo do Pará. A DDF busca e propõe estabelecer parcerias com os demais órgãos das esferas municipais, estaduais, federais, entidades afins e o setor privado, com o objetivo de promover a escalada da recomposição florestal produtiva de áreas alteradas em propriedades de agricultores familiares nos municípios paraenses.
Tina DeBor- com informações do Ideflor-Bio