A preservação e a manutenção de animais silvestres no habitat natural são objetivos da soltura de 2.500 filhotes de quelônios da Amazônia no Rio Tocantins, que ocorreu na manhã deste domingo (4). A soltura foi realizada em uma base existente na Praia do Tucunaré e contou com cerca de 300 pessoas, a maior quantidade já registrada em sete anos de atuação do projeto.
Desde 2017, o Projeto Quelônios de Marabá vem realizando o manejo de tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa) e tracajás (Podocnemis unifilis). Essa atividade marca o esforço coletivo para conter a extinção destas espécies nos rios em área de elevada antropização. Ao longo destes anos já foram devolvidos mais de 150 mil filhotes ao rio Tocantins, com ajuda de diversos apoiadores.
A ação ambiental é iniciativa da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Marabá com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, executado com recursos do Fundo Municipal de Meio Ambiente de Marabá pelo Núcleo de Estudos em Educação Ambiental (NEAm/Unifesspa) e ainda da Eletronorte.
Coordenado pelo professor José Pedro de Azevedo Martins, o núcleo tem como eixo central desenvolver programas de educação ambiental crítica com projetos centrados na educação formal e informal abordando o contexto político, econômico, ambiental e cultural. Nos últimos anos, o NEAm foi responsável pelo desenvolvimento de dois grandes projetos: Propesca e Quelônios do Tocantins. Ambos se integram às ações de educação ambiental escolar e popular, com a parceria de um conjunto de pesquisadores, tendo como eixo aglutinador a dinâmica socioambiental regional.
Cristiane Vieira explica que a preservação é fruto de um esforço coletivo para conter a extinção dessas espécies nos rios da Amazônia. “A participação da comunidade é muito importante. Sempre fazemos esse convite, e nós estamos aqui na base permanente de janeiro a janeiro. Este ano tivemos uma resposta maior da população, com centenas de participantes,” explica.
Para a soltura, as crianças presentes foram convidadas a sentarem na areia e receberam as bacias contendo os animais. Em uma contagem regressiva, eles soltaram os quelônios em um momento de festa e educação ambiental e social, com 2.500 filhotes mergulhando nas águas turvas do Rio Tocantins. Nas próximas semanas, muitos outros serão levados para outros pontos por técnicos que trabalham no projeto.
A professora de Estudos Amazônicos, Tereza Rosane Almeida, conta que já esteve acompanhando a soltura de quelônios por três anos e parabeniza a coordenação do projeto pela iniciativa. “Quando vim pela primeira vez, logo chegou a pandemia. É super importante esse momento e a participação da comunidade e das crianças. Falar de natureza é incrível e sempre compartilho essa experiência com meus alunos do ensino fundamental,” diz. “Falo muito sobre o meio ambiente todos os dias com meus alunos, criando um ciclo de conscientização de preservação da natureza”.
Residente no Bairro Santa Rosa, o barqueiro Carlos Júnior foi prestigiar o evento e afirmou que a sociedade deveria participar mais de momentos como esse. “Estamos sofrendo com depredações ao meio ambiente, e esse aqui é um ponto importante para que as pessoas possam perceber a importância disso tudo. Muita gente está aqui, veio nesse domingo de manhã participar dessa ação ambiental,” elogiou.