Tramita na Assembleia Legislativa do Pará o projeto de lei nº 26/2011 que pretende garantir procedimentos pacíficos nos despejos realizados em território estadual pelas polícias Civil e Militar. De autoria do líder da bancada petista na casa, deputado Zé Maria, e protocolada em março do ano passado, a matéria recebeu parecer contrário da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O relator, deputado João Salame (PPS), alegou inconstitucionalidade ao afirmar que originaria despesas ao Executivo estadual, o que infringiria à competência privativa da União Federal.
Zé Maria defende a aprovação da proposta afirmando que o Pará tem sido destaque na mídia como um dos Estados em que mais ocorre a prática da violação dos direitos humanos, o que precisa ser combatido. “Entre eles o alto índice de violência no campo. Crimes ocasionados pela posse da terra no Estado culminaram, nos últimos 10 anos, na morte de centenas de trabalhadores rurais, sindicalistas e militantes que atuam na Região Norte, o que deixa o campo paraense em permanente tensão”, destaca o parlamentar.
Por ano são expedidas diversas liminares pelo Poder Judiciário determinando o despejo de centenas de produtores rurais que ocupam a terra para trabalhar. Esses despejos contam com forte aparato policial, tanto militar quanto civil. Em muitos casos essas ações acontecem com violência, culminando em mortes.
A violência utilizada por policiais foi recentemente noticiada no jornal Diário do Pará. Com a manchete “Participação de PMs em ‘reintegração’ de posse vai à justiça” , e segundo o líder do PT reforça a necessidade de estabelecer uma legislação que trate deste tipo de ação. “Estamos regulamentando algo que já está previsto no parágrafo 4º do art. 193 da Constituição do Pará. De acordo com o documento, as polícias Civil e Militar não intervirão em questão possessória e despejo, a não ser em necessidade de atuação preventiva, flagrante delito ou ordem judicial”, explica.
O parlamentar, que é do movimento sindical e possui um extenso histórico de luta pela garantia dos direitos dos trabalhadores rurais, destaca: “os despejos são praticados com um aparelho bélico militar de proporções preocupantes, como se os trabalhadores que ocupam a terra fossem pessoas desprovidas de direitos, inclusive de possuir a terra para o desenvolvimento de seu trabalho”.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Dep. Zé Maria