A promotora de Justiça de Parauapebas, Crystina Taketa Morikawa, deliberou nesta quarta-feira (4) que o Ministério Público deverá propor ação civil pública para anular a eleição para os dois conselhos tutelares de Parauapebas e realizar um novo pleito. Isso quase dois meses depois de realização do processo eleitoral, que atraiu cerca de 20 mil eleitores do município.
A ação somente agora está sendo proposta porque as denúncias não chegaram de imediato ao MPPA. “Somente entre os dias 10.11.2019 e 13.11.2019 o Ministério Público recebeu denúncias sobre irregularidades que ocorreram no dia das eleições, bem como a conduta de alguns candidatos que estão sendo objeto de apuração pela Comissão Eleitoral, fatos que se previamente noticiados poderiam ter sido sanados durante as eleições, principalmente no que tange a irregularidades de forma, todavia isso não aconteceu,” relata Crystina Morikawa, em seu despacho.
Para ter maior embasamento, o Ministério Público solicitou, por ofício, informações à comissão eleitoral sobre as denúncias, dentre as quais a de que houve urnas que não foram lacradas após a apuração dos votos. A resposta da comissão foi enviada na segunda-feira (2) ao MPPA.
Ao confrontar as irregularidades apontadas e a justificativa da comissão, a promotora de Justiça avaliou que “algumas irregularidades nos parecem impossíveis de sanar neste ponto do procedimento, posto que não se pode confirmar integralmente no conteúdo das urnas conferidas posto que estas não foram mantidas lacradas após a apuração até a recontagem”.
O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdcap) argumentou ter havido falha humana diante da falta de suporte técnico para a realização do pleito. A entidade solicitou oficialmente urnas eletrônicas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA), mas teve o pedido negado. E precisou trabalhar com as antigas urnas, 50 no total.
O Comdcap e a comissão eleitoral justificaram ainda que mesários desistiram de trabalhar às vésperas e até no dia do pleito, sobrecarregando ainda mais o processo. Em seu despacho, Crystina Morikawa considera que houve a falta de apoio necessário do governo municipal para a eleição.
“Parte do ocorrido decorre da omissão do município em dar integral suporte de recursos de pessoal e material para que as eleições ocorressem de forma correta. Assim sendo, pelos fatos supra relatados e tendo em vista a importância dos serviços prestados pelo Conselho Tutelar à comunidade, sendo os seus serviços essenciais, delibero pela propositura de ação civil pública para buscar a anulação do pleito ocorrido no dia 06 de outubro de 2019, e a realização de novas eleições,” delibera a promotora de Justiça.