Brasília – Às vésperas de embarcar para a Assembleia Geral da ONU, em Nova York (EUA), o presidente Jair Bolsonaro prorrogou por mais 30 dias o decreto que permite o emprego das Forças Armadas na Amazônia para combater focos de incêndio e delitos ambientais.
O decreto original que instituiu a chamada GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ambiental é de 23 de agosto e tinha validade de um mês. Agora a ação dos militares na Amazônia fica estendida até 24 de outubro.
A GLO ambiental autoriza o emprego das Forças Armadas “nas áreas de fronteira, nas terras indígenas, nas unidades federais de conservação ambiental e em outras áreas dos estados da Amazônia Legal”.
A prorrogação da validade do decreto ocorre poucos dias antes de Bolsonaro viajar a Nova York, onde fará o discurso de abertura na reunião anual de líderes mundiais. O Brasil enfrenta forte pressão internacional em razão da onda de queimadas na Amazônia.
Auxiliares do presidente temem que ele seja alvo de algum tipo de protesto após a troca de críticas públicas com países europeus sobre a crise ambiental que o País atravessa.
Bolsonaro antagonizou principalmente com o presidente da França, Emmanuel Macron, que chegou a defender uma espécie de status internacional para a Amazônia.
O presidente tem usado o discurso do francês para acusar alguns países europeus de quererem interferir na soberania nacional do Brasil sobre a floresta.
Apesar do histórico de embates públicos, Bolsonaro disse no final de semana que não pretende “brigar com ninguém” na Assembleia Geral da ONU. “Ninguém vai brigar com ninguém lá, pode ficar tranquilo”, disse o presidente, durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. “Vou apanhar da mídia de qualquer maneira, mas eu vou falar como anda o Brasil nessa questão (ambiental)”, acrescentou.
A publicação em agosto do primeiro decreto da GLO ambiental também ocorreu às vésperas de uma reunião internacional que prometia jogar forte pressão sobre o Brasil e a onda de incêndios no País.
À época, a cúpula do G7 se reuniu em Biarritz, na França, e Macron havia defendido poucos dias antes que a situação na Amazônia fosse debatida no encontro.
O Brasil atribuiu à influência dos Estados Unidos e ao alinhamento de Bolsonaro com o presidente norte-americano Donald Trump o fato de a ideia de Macron de se discutir um status internacional para a floresta ter perdido força após o G7.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu, em Brasília.