A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), não admite em público, mas nos bastidores já está consultando os cardeais da legenda para avaliar a viabilidade de lançamento de uma candidatura própria para a sucessão do presidente Arthur Lira (PP-AL). Lira que só deixa a presidência da Casa em 2025, já movimenta parlamentares de diversas siglas.
Três partidos do Centrão, União Brasil, PSD e Republicanos já estão com nomes para a disputa, porém, precisam combinar com os russos, no caso, o apoio do Palácio do Planalto, e as bênçãos do próprio Arthur Lira. O governo avalia se tem densidade para eleger um nome puro-sangue. É na Câmara que se encontra as maiores dificuldades do Palácio do Planalto na aprovação de sua agenda política.
Entretanto, numa estratégia diversionista para confundir os adversários, característica desde sempre do PT, em mensagem publicada nas redes sociais, Gleisi diz que as discussões sobre a sucessão de Lira no comando da Câmara são ‘’extemporâneas’’ e que o PT ainda não tratou do assunto. Apesar disso, a deputada também afirmou que a legenda irá discutir o tema em ‘’momento oportuno’’ e não descartou que o PT, ou outro partido de esquerda, tenham candidato.
‘’Estão grandes as movimentações políticas, extemporâneas por sinal, para a sucessão da presidência da Câmara dos Deputados. É importante esclarecer que o PT ainda não discutiu o assunto, o fará no momento oportuno, com a direção nacional em conjunto com sua bancada, a bancada da Federação e dos demais partidos próximos, avaliando, inclusive, a possibilidade de lançar candidatura própria ou de seu campo político’’, declarou.
Pretendentes
A lista de pretendentes à sucessão de Arthur Lira não para de crescer. O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), o presidente do Republicanos, Marcos Pereira (SP), o líder do PSD, Antonio Brito (BA), e correndo por fora, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), são alguns dos parlamentares que têm colocado suas candidaturas em evidência. Os quatro almejam um acordo com o Palácio do Planalto para comandarem a Casa Legislativa. Elmar, de estilo ‘’pisa e esmaga’’, que é visto como candidato de Lira, já protagonizou embates com o PT, mas tem modulado o discurso e evitado confrontos nos últimos meses.
A última vez que o PT teve candidato a presidente da Câmara foi em 2015, quando Arlindo Chinaglia (SP) perdeu para Eduardo Cunha. Na época, a então presidente Dilma Rousseff (PT) estava no centro de uma crise política e econômica e protagonizou atritos com Cunha, que acabou dando aval ao impeachment da petista. O trauma do enfrentamento a Cunha fez com que Lula e o PT optassem por não ter candidato neste ano. O partido do presidente da República decidiu pelo apoio à reeleição de Lira, que acabou eleito com a maior votação da história da Casa.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.