Dos 15 locais considerados polos industriais no Brasil, o Pará é um dos três que apresentaram queda na produtividade em maio, no confronto com o mês anterior, abril. A atividade industrial do estado recuou 0,8%, empatada com o resultado do Ceará e só atrás do tombo registrado pelo Espírito Santo, da ordem de 7,8%. A indústria extrativa de recursos minerais, com foco em lavra de minério de ferro, responde por 85% do volume da produção física paraense.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional divulgada na manhã desta quarta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento revela que a queda do Pará é de 13% quando se compara maio deste ano com o mesmo mês do ano passado, o pior resultado de base anual da história. Maio é o segundo mês cheio de contagem e de efeitos da pandemia do novo coronavírus, que impôs restrições de circulação de pessoas e paralisou praticamente todos os setores da economia.
O IBGE não dá detalhes específicos sobre a queda do Pará, mas o Blog do Zé Dudu cruzou indícios da pesquisa com fontes oficiais advindas do Ministério da Economia, especificamente quanto à produção e à exportação de commodities industriais. E fica fácil decifrar a queda quando se verifica que a indústria extrativa, que sustenta o estado, recuou 10,06% no comparativo com o ano passado. A derrocada é recorde.
Canaã cai 66%
A derrapagem na atividade do Pará foi puxada especificamente por Canaã dos Carajás, e o Blog explica por que razão. Acontece que em maio deste ano a produção de minério de ferro na mina S11D, na Serra Sul de Carajás, encolheu 66% ante o mesmo período de 2019. Foram lavrados em maio do ano passado 8,229 milhões de toneladas de minério de ferro contra apenas 2,777 milhões de toneladas este ano.
Na mesma escala de redução, mas em proporção menor, a produção física de minério de ferro na Serra Norte de Carajás, em Parauapebas, despencou de 8,164 milhões de toneladas em maio de 2019 para 6,976 milhões de toneladas no mesmo mês deste ano. Por outro lado, o valor da produção — que não é fator de análise e contabilidade na PIM Regional — aumentou proporcionalmente tanto em Canaã dos Carajás quanto em Parauapebas em decorrência da valorização da tonelada do minério, já que, com a redução na produção, o mercado entende que a oferta diminuirá diante da procura. E, consequentemente, o preço sobe.
Além da indústria extrativa, despencaram no Pará as indústrias de alimentos (-3,32%), produtos de madeira (-0,7%), bebidas (-0,08%) e papel e celulose (-0,06%). A indústria metalúrgica sediada em Barcarena e Marabá foi a única a registrar crescimento em maio no comparativo com o ano passado, na ordem de 1,19%.