O Brasil vai colher uma das maiores safras de cacau da história, em contraste com a redução na oferta da fruta na Costa do Marfim — o maior produtor do mundo. A produção no país foi duramente castigada pela seca, decorrência do fenômeno climático El Niño, e também por doenças que atacaram as lavouras. Outros grandes produtores africanos também registraram queda na safra. Maiores produtores nacionais, Pará e Bahia serão beneficiados com a alta do preço.
A oferta apertada de cacau no mercado internacional e a demanda ainda resiliente fizeram os preços futuros da amêndoa atingir recorde no fechamento do pregão na terça-feira (23), na bolsa de Nova York. Os contratos de segunda posição, com vencimento em maio, subiram 1,09%, para US$ 4.557 (R$ 22.652,39 na cotação do dólar norte-americano desta quarta-feira, 24), a tonelada, indicam as cotações. Com a alta de ontem, o cacau subiu em nove dos últimos dez pregões na bolsa nova-iorquina. Desde o início do ano, a valorização acumulada já é de 9,49% e em 12 meses, de 73,07%.
A alta nos preços do cacau já provoca alguma retração na demanda, mas o que tem pesado mais sobre as cotações é a oferta restrita, afirma Caio Santos, analista da StoneX. “Por isso, não há no horizonte uma perspectiva de os preços pararem de subir”, diz.
Com isso, os volumes de cacau entregues nos portos do país tiveram forte retração. Dados da Associação de Exportadores de Cacau e Café da Costa do Marfim mostram que o volume entregue chegou a 955 mil toneladas desde o início do ciclo 2023/24, em outubro, até a última semana. A quantidade é 36% inferior à entregue no mesmo período do ano-safra anterior.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.