Queda na cotação internacional e baixa na produção colocam minério ‘contra’ Parauapebas

Se tudo continuar como está e minério não avançar para, pelo menos, 130 dólares por tonelada no segundo semestre, é certo que arrecadação de Cfem despencará R$ 160 milhões em relação a 2024

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A principal fonte de renda de Parauapebas passa por momento de turbulência. A queda na cotação diária do minério de ferro e a baixa na produção física nas entranhas da Serra Norte de Carajás estão levando a Capital do Minério a um cenário pessimista no médio prazo, uma vez que a atual maior receita do município é derivada de royalties oriundos da extração de ferro.

Nesta quarta-feira (19), a tonelada do minério de ferro no mercado internacional caiu 2,12% na Bolsa de Dalian, na China, principal referência para a cotação da commodity. O produto encerrou o pregão do dia valendo 105,05 dólares por tonelada, menor valor em mais de dois meses.

Enquanto o minério de ferro cai de preço, a produção da mineradora multinacional Vale desaba no alto da serra por inúmeros fatores, embora o período chuvoso, neste momento, pese mais. Há ainda a “concorrência” do minério de Parauapebas com o de Canaã dos Carajás, já que a Vale precisou reduzir a extração na Capital do Minério para aumentar a lavra na Serra Sul, localizada dentro do território da Terra Prometida, ampliando estrategicamente sua produção no chamado Sistema Norte.

Essa gama de fatores aumenta ainda mais o temor por uma queda acentuada — e persistente — da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), que enfrenta tempos difíceis em 2025. Em abril, conforme divulgou recentemente o Blog do Zé Dudu a partir de cálculos sobre a produção física informada na balança comercial, a Prefeitura de Parauapebas deve recolher a menor cota-parte de royalties de mineração dos últimos sete anos, na faixa entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões (relembre aqui).

Se as projeções se confirmarem, a receita será uma “tragédia” para as contas de um município que insiste em elevar as despesas, sobretudo com nomeações para cargos comissionados e contratações de pessoal temporário.

Minério a 100 dólares

Analistas do mercado de commodities e os principais bancos que operam com o setor mineral já veem o ferro numa média de 100 dólares por tonelada ao longo de 2025. No ano passado, o produto mais exportado do Brasil à China ficou no patamar médio de 110 dólares, com variações ao longo do ano entre 88 e 144 dólares a tonelada.

Na prática, tomando por base o recolhimento efetivo de Cfem por produção mineral pela Prefeitura de Parauapebas, implica dizer que os royalties, que totalizaram cerca de R$ 762 milhões em 2024, vão despencar para algo em torno de R$ 600 milhões em 2025, queda de 21%. Nos primeiros três meses deste ano, a Prefeitura de Parauapebas deixou de receber aproximadamente R$ 265 mil em royalties por dia, o que, de grão em grão, compromete o funcionamento de sua robusta máquina pública.

E não há no horizonte sinais de alívio, no que diz respeito aos ânimos sobre o minério de ferro. A China, principal mercado consumidor do produto parauapebense, tem dados sinais de “esfriamento” com relação à demanda do principal insumo do aço. Além disso, a escalada da guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos prejudica menos os americanos e mais os chineses — e, por efeito, respinga em Parauapebas.

No meio entre quem vende minério para fora e quem tem dúvidas se vai comprar, há um município com mais de 300 mil habitantes cheio de problemas nas áreas mais elementares, sendo, inclusive, um dos cinco do Brasil em seu porte populacional com os piores indicadores de saneamento básico, de acordo com os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O município vai mal também em educação, saúde e infraestrutura, com gargalos que se arrastam por ano. E, sem ou mesmo com menos royalties, não há uma luz no fim das minas.

1 comentário em “Queda na cotação internacional e baixa na produção colocam minério ‘contra’ Parauapebas

  1. Vitor Responder

    Preocupante, o minério de Canaã (S11d) tem menor custo de beneficiamento aliado a melhor qualidade, so aí já justifica a queda, imaginem quando entrar a mina de Simandu , na Guiné na África q já esteve nas maos da Vale , e de alta qualidade, mina situada a poucos km do Atlântico já do outro lado , com capital chinês, aí não sei o q acontecerá!!!!

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