O líder do governo no Senado, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), recém filiado ao Partido dos Trabalhadores, acusa a concessionária NOA, que administra os aeroportos de Macapá (AP) e Belém (PA), de abandono, responsabilizando-a por ter perdido uma audiência em Brasília, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A reação do político foi considerada desproporcional: ele prometeu agir para cassar a concessão da empresa.
Notabilizado nos corredores do Planalto por ter um gênio explosivo, afeito a chiques e barracos, o líder acusou a NOA de ter “abandonado o Aeroporto Internacional de Macapá, deixando o terminal sem condições de operar todos os voos previstos.”
“O que acontece aqui é um dos maiores desrespeitos que eu já vi em decorrência das privatizações que ocorreram pelo país. O Aeroporto de Macapá foi dado como uma espécie de brinde pela privatização do Aeroporto de Belém. A empresa responsável é uma tal de NOA, que sequer mantém gente para manutenção aqui do Aeroporto Internacional de Macapá”, acusou o senador.
“Nós estamos representando contra essa empresa, a NOA, à Agência Nacional de Aviação Civil. E eu vou representar junto à Advocacia Geral da União para que seja cancelada a concessão dessa empresa, assim como avaliada a concessão do Aeroporto de Belém”, avisou Randolfe.
Randolfe Rodrigues também tem, como “marca” de sua atuação parlamentar, recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), através da assessoria jurídica de seu antigo partido, a Rede Sustentabilidade, a toda derrota na tramitação de qualquer projeto de seu interesse.
“Ele inunda o protocolo do STF com reclamação e pedido de revisão de qualquer derrota. Tem um temperamento explosivo e não suporta ser contrariado”, comentou um senador que pediu reserva de seu nome.
O consórcio que deu origem à NOA arrematou com lance de R$ 125 milhões o Bloco Norte II, que engloba os aeroportos de Belém e Macapá, no leilão realizado em 18 de agosto de 2022.
A empresa não se manifestou sobre as ameaças de retaliação do esquentado senador.
NOTA DA EMPRESA
A Norte da Amazônia Airports (NOA), concessionária do Aeroporto Internacional de Macapá, informa que a responsabilidade pela gestão e operação dos serviços de apoio à navegação aérea em área de tráfego dos aeroportos da NOA é do Poder Público Federal, conforme item 2.2 do Contrato de Concessão. A empresa reforça que não possui qualquer responsabilidade em relação à gestão e manutenção de equipamentos referentes à prestação dos Serviços de Informação Aeronáutica, Gerenciamento de Tráfego Aéreo, Meteorologia, entre outros.
A NOA esclarece, ainda, que a impossibilidade de realização de pousos e decolagens por instrumentos no Aeroporto de Macapá ocorreu em decorrência de um problema no Sensor de Temperatura e Umidade Relativa do Ar, equipamento extremamente importante para operações em condições climáticas adversas e sob gestão do Poder Público Federal.
A concessionária informa que o equipamento já foi reestabelecido e opera normalmente, com pousos e decolagens por instrumentos.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.