O Pará deu ombros à revisão do rebanho de gado bovino nacional — que reduziu em 1,5 milhão de cabeças de 2017 para 2018 — e cresceu. Dados que acabam de sair do forno do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), revelam que o estado ganhou 43 mil cabeças, encerrando o ano passado com exatos 20.628.651 animais nos pastos. Com esse rebanho, matematicamente o estado tem média de cinco bois e vacas para cada dois paraenses.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que mergulhou nos números da PPM e apurou que o Pará, hoje em 5º lugar em rebanho bovino, está a um passo de ultrapassar o efetivo do Mato Grosso do Sul, atualmente composto por 20.896.700. Aquele estado do Centro-Oeste perdeu quase 600 mil cabeças de gado na revisão do rebanho.
Mesmo os dados nacionais sendo consolidados para 2018 e com redução do efetivo, o Brasil continua com mais bois na manga que o total de pessoas. São, oficialmente, 213.523.056 bovinos ante 210.147.125 humanoides estimados pelo IBGE para 2019. De acordo com o instituto, a queda no total de bovinos tem a ver com o fato de que, em 2018, foi registrado o segundo aumento consecutivo do abate, o terceiro maior abate de fêmeas desde 1997, atrás apenas de 2013 e 2014, e o recorde do abate de novilhas.
São Félix e Repartimento são destaques
O município de São Félix do Xingu aumentou o plantel em 16 mil unidades, de 2017 para 2018, e segue líder nacional de boi no pasto. São, atualmente, 2.256.734 animais, o que confere uma média local de 35 animais para cada dupla de moradores. O segundo lugar no ranking, o sul-mato-grossense Corumbá, assistiu à redução de seu rebanho em mais de 45 mil cabeças (veja no ranking elaborado com exclusividade pelo Blog comparando os 20 principais rebanhos municipais entre 2017 e 2018).
Marabá, que era a 5ª maior praça de gado bovino do Brasil, caiu para a 6ª posição, com atualmente 1.033.749 animais. O município até aumentou o efetivo em mais de 8.600 cabeças, porém cresceu menos que as localidades que vinham atrás, sobretudo Porto Velho, capital de Rondônia, que aumentou o efetivo em quase 74 mil animais e tomou de Marabá a posição em que estava em 2017.
Se mantiver o ritmo de crescimento em marcha lenta, na divulgação da PPM do ano que vem Marabá poderá rolar para a 9ª posição no ranking, sendo superado também pelos mato-grossenses Vila Bela da Santíssima Trindade (1.020.579 cabeças) e Juara (998.844), bem como pelo vizinho paraense Novo Repartimento (970.837). Novo Repartimento, diga-se de passagem, é o segundo do país em número de crescimento absoluto, com incremento de quase 71 mil animais, segundo apurou o Blog do Zé Dudu.
Parauapebas e Curionópolis em retrocesso
No ranking dos 20 principais rebanhos, o Pará emplaca sete nomes. Além de São Félix, Marabá e Repartimento, aparecem Cumaru do Norte (807.787), Altamira (707.958), Água Azul do Norte (651.004) e Pacajá (620.785). O estado do Mato Grosso vem na cola, com meia dúzia de nomes. Outros quatro representantes são do Mato Grosso do Sul. Dois são de Rondônia e um é de Goiás. Em resumo, as regiões Norte e Centro-Oeste dominam a criação de gado no país.
Nas cercanias de Parauapebas, Água Azul do Norte foi em grande medida o responsável por evitar um afundamento maior no efetivo total da microrregião, cujo rebanho despencou de 1,573 milhão de cabeças para 1,554 milhão de 2017 para 2018. Além de Água Azul, só Canaã dos Carajás cresceu, passando de 212.903 animais para 221.436. Já Eldorado do Carajás regrediu de 339.704 para 317.482, enquanto Curionópolis apresentou redução de 256.321 para 253.445 e Parauapebas, de 119.800 para 110.642.
A situação da redução do rebanho em Parauapebas é uma das mais críticas e bizarras no país porque, em 2005, segundo a série histórica do IBGE, o município possuía rebanho estimado em 258 mil animais e desde então vem caindo até chegar atualmente a menos da metade. Além disso, a pecuária pode, se bem conduzida e aproveitada, ser alternativa econômica valiosa para o município, que sobrevive exclusivamente da extração de minério de ferro, cujo volume das reservais locais caminha para a exaustão.