Aconteceu tal como o Blog do Zé Dudu previu, calculou e informou em primeira mão no início de dezembro: a Prefeitura de Canaã dos Carajás encerrou o difícil ano de 2020 com arrecadação bruta superior a R$ 1 bilhão. Canaã é, agora, o 4º município a romper a cifra financeira mágica só conquistada por Belém, em 1999, Parauapebas, em 2013, e Marabá, que também cravou seu primeiro bilhão em 2020. As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog.
O Pará encerrou o ano como o estado com mais prefeituras bilionárias na porção Norte-Nordeste do país. Com seu resultado, só fica atrás de São Paulo (33), Rio de Janeiro (11), Minas Gerais (8) e Paraná (7). Empata com Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás, cada um dos quais com 4. Um balanço preliminar realizado pelo Blog junto ao Tesouro Nacional aponta que o Brasil pode ter fechado 2020 com 104 prefeituras cujo faturamento bruto tenha superado R$ 1 bilhão, um terço delas no estado de São Paulo.
Em Canaã dos Carajás, números prévios apurados pelo Blog revelam arrecadação bruta de R$ 1.034.437.292,62, dos quais R$ 997.748.191,86 foram valores líquidos e disponíveis para uso do então prefeito Jeová Andrade. Os números ainda não são consolidados e podem variar, já que ainda não sofreram ajuste contábil. O dado final só deve ser conhecido até o dia 30 de janeiro, data-limite para prestação de contas do 6º bimestre de 2020 ao Tesouro Nacional.
“Culpa” é da Vale e da Cfem
A resposta do porquê de a Prefeitura de Canaã dos Carajás ter recebido uma avalanche de dinheiro ao longo do ano passado está na mineração, em torno da qual tudo gravita no município de população estimada em 39 mil habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas que a prefeitura calcula já ter 60 mil.
Em 2020, a administração local faturou R$ 676,1 milhões com royalties de mineração, um quarto deles recebidos no apagar das luzes de dezembro, quando foram creditados à conta corrente do município uma “porrada” de R$ 179,88 milhões. O faturamento de royalties pela prefeitura tem crescido numa velocidade alucinante, na esteira do avanço da produção física da mina de ferro S11D, da multinacional Vale.
A Prefeitura de Canaã dos Carajás não precisa mover uma palha para que, mensalmente, entre mais e mais milhões em conta — assim também como a arrecadação pode cair, a depender do volume de minério produzido e ou de sua cotação no mercado internacional. No frigir dos ovos, os fatores de enriquecimento rápido do governo local são e estão totalmente alheios a sua ação e dependem exclusivamente da Vale.
É a Vale, por exemplo, que arregimenta e movimenta robustas mercadorias e serviços que fizeram com que uma outra fonte de receita local, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), disparasse e alcançasse R$ 162,61 milhões no ano passado. Este ano, diga-se de passagem, o ICMS de Canaã terá “plus” de 35% em cima do que já se vinha ganhando e deve superar o de Marabá.
Também é por causa da mineradora multinacional Vale que o Imposto Sobre Serviços (ISS) de Canaã alcançou R$ 73,94 milhões. Hoje, a arrecadação de ISS da Prefeitura de Canaã bate em municípios muito mais populosos.
Duelo de titãs: Canaã x Marabá
Com o resultado financeiro espetacular alcançado em 2020, a Prefeitura de Canaã rivaliza com a de Marabá no ranking da riqueza. De certeza, apenas as primeiras posições, tendo Belém na dianteira, com receita bruta estimada em R$ 3,5 bilhões; e Parauapebas, com faturamento de R$ 2,03 bilhões. Marabá, com possíveis R$ 1,12 bilhão em faturamento, ainda é dúvida quanto ao 3º lugar porque, sem considerar o ajuste contábil, seu caixa está tecnicamente empatado com o de Canaã na “margem de erro”. Nas posições abaixo aparecem Ananindeua, Santarém, Barcarena, Castanhal, Altamira, Paragominas e Tucuruí, todos com arrecadação bruta entre R$ 900 milhões e R$ 300 milhões.
Sobre Canaã, ser 3º ou 4º no Pará, para quem começou 2020 na 6ª posição ou para quem nem estava entre os 100 no estado no começo deste milênio, é uma mistura de sorte, talento e competência para seguir sendo a Terra Prometida, ao menos enquanto houver mineração.