Setor cresce no Pará, seguindo a expansão da renda da mineração; Manaus já tem empreendimentos segmentados e varejo cresce também em outros estados da região
O ano de 2014 deverá ser simbólico para o varejo do Norte brasileiro. O último Estado que ainda não tem shopping – Roraima – deve ganhar seu primeiro centro comercial antes do Natal do ano que vem. Embora ainda exista um potencial de “inclusão” na Região Norte, empresas que desenvolvem e administram shopping centers também começam a trabalhar em seus primeiros empreendimentos voltados a públicos específicos.
Segundo Roberto Peggy Pinheiro, da consultoria Ben Marketing, que desenvolve projetos para varejo em Manaus, existe um “desejo represado” do consumidor da região que começa a ser atendido à medida que as empresas de shoppings buscam novos mercados. “Acho que o shopping de Boa Vista, no ano que vem, vai mostrar que o grande varejo brasileiro conseguiu chegar à última fronteira inexplorada.”
No entanto, para não parar de crescer, as empresas de shopping centers buscam mapear os novos mercados e seguir o crescimento da renda. Uma tendência perceptível no mercado paraense, por exemplo, é a interiorização. Ao contrário do que ocorre em Manaus, onde a força econômica das indústrias da zona franca e a população estão concentradas na capital, a expansão do Pará é mais pulverizada, o que está se refletindo na abertura de shoppings bem longe de Belém.
Shopping em Marabá: varejo ganha espaço na região que mais cresce no País
A cidade de Parauapebas, que fica próxima a Eldorado dos Carajás, um grande projeto de minério de ferro da Vale, já tem um pequeno shopping, apesar de ter menos de 200 mil habitantes. O principal centro econômico do sul do Estado, Marabá, ganhou seu primeiro centro comercial este ano. O shopping do município, que tem pouco mais de 250 mil habitantes, foi a forma que grandes redes varejistas, como C&A, Riachuelo, Renner e Marisa, arranjaram de fincar bandeira na região.
A tendência de interiorização no Pará continuará em 2014. Segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), cinco novos empreendimentos estão previstos para o Norte. A maior parte deles será instalada no interior paraense, nas cidades de Ananindeua, Castanhal e Paragominas. Os demais ficarão em Boa Vista e Belém. A Abrasce calcula que um shopping de porte médio no País, com cerca de 25 mil metros quadrados de área locável, exige investimentos de R$ 200 milhões a R$ 250 milhões.
As empresas que desenvolvem shoppings também dizem que, apesar da disponibilidade de terrenos na Região Norte, o custo de implantação de um empreendimento não difere muito da realidade de outras regiões. Isso porque, apesar da terra barata, o custo de construção – tanto por falta de material quanto pela logística difícil – acaba cancelando a vantagem do terreno.
Interior do novo shopping de Marabá: redes locais investem para enfrentar concorrência
Segmentação. Embora o Norte seja a região menos servida em shopping centers – concentra só 4% dos empreendimentos do País –, as companhias do setor afirmam que não é qualquer centro comercial que prospera na região. Na opinião do presidente da Saphyr, Paulo Stewart, os shoppings precisam estar dentro do padrão atual do Sul e do Sudeste.
Para o executivo, que está envolvido no empreendimento de Boa Vista e também no Via Norte, um shopping de configuração popular em construção em Manaus, não adianta as empresas chegarem à região com a mentalidade de fazer um “shopping de segunda classe”. Hoje, lembra ele, a JHSF – dona do Cidade Jardim, em São Paulo – tem um empreendimento voltado às classes A e B em Manaus, o Ponta Negra. “Os shoppings de nicho já começam a surgir.”
A proliferação de shoppings também serviu de alerta para as redes regionais. Empresas como a amazonense Bemol e a paraense Y. Yamada estão buscando melhorar a experiência do consumidor. A Y. Yamada fez uma parceria com a Leolar, de Marabá, e reformulou as lojas no sul do Estado. Já a Bemol prioriza a abertura de grandes lojas de departamento. Hoje, a empresa fatura R$ 1 bilhão, apesar de ter apenas 18 unidades.
Fonte: Estadão – Economia