O Comando de Missões Especiais (CME) inicia as operações de cumprimento de mandados de reintegração de posse no sudeste paraense. Nesta primeira fase, estão previstos cinco fazendas que devem ser devolvidas aos respectivos donos.
Na madrugada de hoje, segundo o tenente-coronel Roberto Campos, a tropa do CME se desloca em comboio em direção ao município de Parauapebas onde devem reintegrar as fazendas Ponta da Serra e Santo Antônio. Nas duas fazendas, há trabalhadores sem-terra acampados. As reintegrações atendem à determinação do juiz da Vara Agrária de Redenção, Fábio Penezi Póvoa.
Na fazenda Santo Antônio, a reintegração deve acontecer numa parte, porque a outra parte é titulada. Desta propriedade devem ser remanejadas pelo menos 50 famílias. Na Ponta da Serra, há cerca de cem famílias que devem ser remanejadas.
A penúltima vez que o CME esteve na região foi no final de novembro de 2009, ocasião em que os militares auxiliaram a Vara Agrária a cumprir 18 mandados de reintegração de posse.
O cumprimento dos mandados é precedido de uma série de reuniões com os órgãos ligados à luta pela terra e, sobretudo, com a juíza agrária Cláudia Regina Moreira Favacho Moura.
Ontem, pela manhã, o major Emanuel Leão Braga e o tenente-coronel Roberto Campos reuniram com a magistrada onde ouviram orientações a fim de que se evitem excessos.
“Com certeza as nossas missões são precedidas de um levantamento prévio e trabalhamos com o máximo de cautela”, afirma o tenente-coronel Roberto Campos, encarregado de conduzir a reintegração de posse.
Campos informou que o CME deve permanecer na região até o dia 21 de agosto, quando mais cinco mandados de reintegração de posse devem ser cumpridos. Depois disso, terá início a segunda fase das operações. Nesta fase devem ser cumpridas três reintegrações de posse. Pelo menos uma das reintegrações deve acontecer no perímetro urbano de Marabá. Trata-se da invasão do bairro Araguaia, conhecido por invasão da Fanta, na Nova Marabá.
REUNIÃO
Na manhã desta quarta-feira há uma reunião com os representantes de entidades ligadas à luta pela terra para tratar do cronograma dos cumprimentos dos mandados.
Segundo o advogado da Comissão Pastoral da Terra em Marabá (CPT), José Batista Gonçalves Afonso, devem ser cumpridos seis mandados de reintegração de posse na região da Vara Agrária de Marabá, o que ele considera uma quantia pequena. “Há cinco anos era um número grande de reintegrações. Mas mesmo sendo um número pequeno nos causa preocupação, pois não temos onde colocar as pessoas despejadas”, acentua.
Afonso acredita que a reunião de hoje pode resultar em algum de tipo de entendimento entre as partes a fim de evitar o cumprimento de todos os mandados. “Vamos tentar alinhavar algum acordo para evitar o despejo”.
AS TROPAS
Compõe o CME, a Tropa de Choque, Cavalaria, Companhia de Operações Especiais e Grupamento Aéreo (Graer). Os militares permanecem na região até o dia 21 de agosto. Sem-terra remanejados prometem acampar em frente ao Incra de Marabá.
No local, pode haver um grande acampamento a exemplo do que aconteceu no mês de junho deste ano, ocasião em que pelo menos dez mil sem-terra permaneceram mais de quarenta dias acampados e por dois dias fecharam a rodovia Transamazônica.
Fonte: Diário do Pará, Marabá