A população paraense nunca viveu com tão pouco dinheiro como em 2021. Dados de uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir de números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revelam que, além de o rendimento da população paraense figurar entre os cinco menores do país, é o mais baixo no comparativo anual da série história da pesquisa iniciada em 2012.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os microdados do estudo “Pnad Contínua — Rendimentos de Todas as Fontes”. Segundo a pesquisa, a renda média dos paraenses, considerando-se aqueles que tinham algum tipo de ganho mensal, foi de apenas R$ 1.526 no ano passado, só não inferior aos valores médios do Maranhão (R$ 1.270), Alagoas (R$ 1.396), Piauí (R$ 1.409) e Bahia (R$ 1.454).
Distrito Federal (R$ 4.167), São Paulo (R$ 2.904) Rio de Janeiro (R$ 2.884), Rio Grande do Sul (R$ 2.641) e Santa Catarina (R$ 2.542) ostentam os troféus de primeiros lugares, acima da média nacional de R$ 2.265. A renda do paraense está 33% abaixo da renda de um brasileiro médio, o que expõe a origem dos graves — e agrava os já existentes — problemas socioeconômicos do estado. Não é demais lembrar, o Pará é campeão em informalidade e um dos líderes nacionais em empregos na iniciativa privada sem carteira assinada, situações que parecem ter sido naturalizadas na cultura do estado.
Pior rendimento da história
O acirramento das desigualdades no Pará é histórico. Antes de o paraense ganhar em média R$ 1.526 em 2021, o pior ano havia sido 2017, quando a renda chegou a R$ 1.545. O melhor momento para os paraenses foi em 2018, quando o rendimento chegou a R$ 1.799. Em outros dois capítulos da história, o valor superou R$ 1.700: em 2012, quando partiu de R$ 1.729, e em 2014, quando ficou em R$ 1.719.
Hoje, a renda do paraense está apenas 25,9% acima do valor do salário mínimo, mas em 2012, quando o mínimo era de R$ 622 e o rendimento médio, R$ 1.729, o cidadão do Pará ganhava 178% a mais que o rendimento nacional — quase o triplo. Mesmo em 2018, quando o mínimo era R$ 954 e o rendimento paraense chegou ao maior valor da série histórica, R$ 1.799, os ganhos reais da população estavam 88,6% acima do salário de referência — quase o dobro.
A perda de valor de rendimento, que se contrapõe ao crescimento indomável da inflação no período, condiciona grande parte da população do Pará à pobreza. Não por acaso, o Cadastro Único mostra que, hoje, 3,406 milhões de paraenses vivem em condição de pobreza e 511 mil em situação de pobreza extrema.