De 2012 para 2020, o rendimento médio real da população paraense caiu 3,95%, o suficiente para aumentar o empobrecimento do estado, que já é conhecido por ser economicamente rico, mas desigual. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19) mostram, para piorar, que o atual rendimento percebido pelos habitantes de um dos estados mais importantes para o sustento da economia nacional é o 5º menor entre as 27 Unidades da Federação.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou indicadores liberados na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, referente a rendimentos recebidos de todas as fontes pela população. No ano passado, o rendimento médio do paraense foi de R$ 1.546, menor que o registrado em 2012, quando era R$ 1.607. O melhor ano para o bolso do paraense foi 2018, quando o rendimento foi de R$ 1.673.
No ano passado, apenas os estados da Paraíba (R$ 1.491), Alagoas (R$ 1.427), Piauí (R$ 1.399) e Maranhão (R$ 1.270) tinham rendimentos médios abaixo do Pará. Na outra ponta, os maiores ganhos eram percebidos pelas populações do Distrito Federal (R$ 3.974), São Paulo (R$ 2.849), Rio de Janeiro (R$ 2.701), Rio Grande do Sul (R$ 2.523) e Santa Catarina (R$ 2.418).
Finado Bolsa Família
Uma parte significativa da população paraense sobreviveu com o Bolsa Família, programa de transferência de renda extinto este mês para dar lugar ao Auxílio Brasil, proposto pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo o IBGE, no ano passado 14,3% dos lares paraenses tinham algum beneficiário do Bolsa Família, percentual elevado que só ficou abaixo do que se verificava no Maranhão (18,2%), Piauí (16,3%), Acre (15,8%), Alagoas (15%) e Bahia (14,9%). No auge da série histórica, em 2013, cerca de 33,8% dos domicílios paraenses recebiam Bolsa Família.
Em Santa Catarina, pelo contrário, os lares dependentes do programa não passavam de 1,4%. Com o fim do programa, os beneficiários do Bolsa Família não vão receber a parcela extra no próximo mês.
O estudo divulgado nesta sexta pelo IBGE reforça outro, do ano passado, explorado pelo Blog (relembre aqui) e segundo o qual o rendimento do trabalhador paraense já era o 5º mais baixo do Brasil. No ano passado, a situação das famílias carentes do Pará só não foi pior porque, com o advento do auxílio emergencial, houve incremento de renda considerável, o que ajudou a suavizar as estatísticas.