A edição da Revista Época deste domingo traz reportagem especial sobre a violência na região Sudeste do Pará: sob o título “Corrupção, pobreza e morte”, a matéria faz uma análise detalhada sobre os assassinatos dos prefeitos de Goianésia do Pará, Breu Branco e Tucuruí, ocorridos em 2017. A ameaça de morte do prefeito de Novo Repartimento também é um dos destaques da reportagem.
A circulação da revista vem causando embates acalorados nas redes sociais em Tucuruí. De um lado, os apoiadores do grupo que exige a resolução do caso do assassinato do prefeito Jones William; do outro, os apoiadores do prefeito afastado, Artur Brito, e sua família, acusados de serem mandantes do crime que chocou a população de Tucuruí.
A reportagem traz à tona, mais uma vez, detalhes das investigações, dando ênfase nos nomes dos suspeitos apontados pela policia como executores e mandantes. Em um dos trechos, o texto cita os motivos que teriam levado os investigadores a afirmarem que Josenilde Silva Brito, a Josi, mãe do prefeito afastado Artur Brito, fora a mandante do assassinato.
Um dos motivos teria sido a dívida com agiotas para bancar a campanha, via caixa dois: “depois da vitória, Josi apresentou a conta: o prefeito eleito tinha uma dívida de R$ 2 milhões com o esquema. Deveria saldar o compromisso contratando empresas de fornecimento de combustível, terceirização de pessoal e coleta de lixo ligadas a Josi e aos agiotas.
William consultou a mulher, Graciele, que havia cuidado do caixa na campanha. Pelas contas dela, o débito não passava de R$ 400 mil. O prefeito pagou a dívida diretamente ao primeiro agiota de quem o dinheiro fora tomado emprestado, ignorando os intermediários”, cita parte da reportagem.
“Os fatos irritaram e estremeceram a relação entre o prefeito, o vice Artur e a mãe deste, Josi”, é o que aponta o relatório final da Polícia Civil sobre a investigação, conforme a reportagem.
À reportagem, Artur Brito foi enfático ao declarar que ele e sua família são vítimas de “grande armação política”. “O prefeito estava envolvido num grande esquema de agiotagem, com muita gente de fora e muito perigosa”, disse Brito. “Temos testemunhas que, na hora certa, vão se manifestar. Ninguém vai botar esse crime nas nossas costas.”
Enquanto os fatos não são elucidados, a reportagem é um pouco mais de combustível em uma região onde grupos políticos rivais brigam pelo poder e estão em ponto de ebulição.