Uma reportagem exclusiva do Blog do Zé Dudu, veiculada no último domingo, 23, revelou que a ala oncológica que está em implantação no Hospital Regional Público do Estado Dr. Geraldo Veloso chegará sem radioterapia. Ou seja, muitos pacientes que dependem desse tipo de tratamento vão continuar sofrendo em busca dele em Belém, Tucuruí, Castanhal ou até mesmo em outros estados, como Maranhão, Goiás e São Paulo.

O novo serviço de oncologia terá 418 m² e contará com ambulatório, sala de quimioterapia com 12 poltronas e 20 leitos de internação, além de áreas de convívio e acolhimento humanizado. Serão 90 profissionais de saúde atuando no setor, que funcionará 24 horas por dia. Quando entregue, o espaço terá a capacidade de realizar cerca de 750 sessões de quimioterapia por mês. Mas só quimioterapia.

Após a publicação da matéria, Irismar Melo, ex-vereadora de Marabá, entrou em contato com Zé Dudu e informou que, tão logo leu a notícia, confirmou junto ao governo do Estado a não inclusão da radioterapia no HR. A partir daí, acionou o deputado Chamonzinho, que disse também ter ficado surpreso com a informação. Este por sua vez, teria tratado o assunto junto ao governador Helder Barbalho em audiência na tarde de segunda-feira, 24, e este teria mandado providenciar um estudo de custo para implantação do serviço.

A obra da ala de oncologia, segundo a Sespa, também irá proporcionar ao Regional do Sudeste uma nova cozinha industrial moderna, lavanderia e refeitório. No momento, 45% do projeto estão concluídos, e a expectativa é de entrega ainda este ano. O custo é de quase R$ 3 milhões.

REPERCUSSÃO NA CÂMARA

Durante a sessão ordinária desta terça-feira, dia 25, o vereador Pastor Ronisteu Araújo, disse ter ficado surpreso com a notícia de que a ala oncológica do Hospital Regional Público do Sudeste, em Marabá, será inaugurado ainda este ano, mas apenas com os 20 leitos de internação, quimioterapia e cirurgia, mas sem o serviço de radiologia.

Na avaliação do vereador, implantar o serviço pela metade não acaba com o sofrimento e a luta diária das pessoas que buscam o tratamento contra o câncer. “Essa Casa de Leis vem lutando há muitos anos em prol da implantação desse serviço. Lembro a fala da Doutora Cristina Mutran e de Pedrinho Corrêa, que sempre levantaram a bandeira da ala oncologia no Hospital Regional. Agora, para nossa surpresa, vai ser instalada ala oncológica no Regional, segundo o blog do Zé do Dudu não vai haver radioterapia. Confirmamos essa informação com a Sespa e é verdadeira”.

O vereador explicou que boa parte dos pacientes que fazem quimioterapia precisa também passar por radioterapia. A partir do momento que inaugurar a ala oncológica em Marabá, pacientes que precisarem dessa fase do tratamento terão de viajar para Tucuruí, Belém ou Castanhal. “Uma cidade do porte da nossa não ter a radioterapia é preocupante. Nós precisamos fazer um documento cobrando isso do Governo do Estado, para incluir a radioterapia antes de inaugurar a ala oncológica. Esta Casa precisa se posicionar e elaborar um documento cobrando o Estado e aqueles políticos que estão mais próximas do Governo do Estado para a gente poder dar uma resposta à população que vem sofrendo há muito tempo e traz no seu coração esse sonho de ter essa ala oncológica aqui”.

A vereadora Cristina Mutran também se mostrou surpresa com a informação e lembrou que quando veio a noticia da ala oncológica no HR os vereadores vibraram. Agora, antes da conclusão das obras físicas chega uma notícia que não haverá serviço de radioterapia. “O tratamento deveria vir completo, isso não vai acabar com o sofrimento das pessoas que precisam desse tratamento. Vamos continuar forçando as pessoas a viajarem para Belém ou Tucuruí em busca do tratamento, enquanto esse problema pode ser resolvido com a ala oncologia completa no Regional”, sustentou.

O vereador Pedrinho Corrêa disse que há 17 anos, quando foi inaugurado o Hospital Regional, ele já falava da importância da hemodinâmica e da ala de oncologia naquela casa de saúde de média e alta complexidade. “Participei de vários atos por esses dois serviços, vários secretários estaduais prometeram implantá-lo, mas até agora só a hemodinâmica está funcionando. Agora, para nossa surpresa, recebemos essa notícia que não vai ter setor de radioterapia. Já vai nascer pequeno. A Comissão de Saúde desta Casa precisa ir ao governo do Estado e mostrar que a ala oncológica não terá a eficiência que deveria, sem a radioterapia”.

Por fim, a vereadora Elza Miranda também lamentou a falta do serviço de radioterapia na ala oncológica do HR. “Para que servirá a Marabá esse serviço oncológico, que já vai nascer capenga”, criticou.

SAIBA MAIS

A radioterapia, ou terapia com radiação ionizante, é um método terapêutico que consiste da utilização de radiações ionizantes para danificar o DNA das células, e dessa forma, destruí-las ou impedir seu crescimento. Na oncologia, é amplamente empregada com a finalidade de extinguir o tumor ou impedir o seu crescimento. Trata-se de uma terapia segura, apesar de seus efeitos colaterais, e é considerado um dos tratamentos mais custo-efetivos disponíveis atualmente.

Estima-se que entre 50 e 60% dos pacientes com câncer terão indicação de radioterapia em alguma etapa do tratamento, seja com propósitos curativos, adjuvantes ou paliativos (Atun et al, 2015; Schaue e McBride, 2015).