Retirada de bois afogados em Barcarena levará pelo menos 120 dias

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Maré tem levado carcaça de animais mortos às praias da região de Vila Conde, no Pará.

Por Alisson Freitas – DBO

A Mammoet Salvage, empresa holandesa contratada pela Companhia de Docas do Pará (CDP), pediu prazo de 120 dias para retirar os animais mortos no naufrágio do navio Haidar, no Porto de Vila Conde, em Barcarena, no Pará. A embarcação afundou na manhã de 6 de outubro após ter sido carregada com 5 mil animais, que iriam para Venezuela. De acordo com a companhia, cerca de 100 animais sobreviveram ao acidente

Os esforços foram redobrados após o rompimento da barreira de contenção colocada no rio para evitar que os animais mortos fossem afastados pela corrente, na segunda-feira, 12. Com isso a maré tem levado as carcaças e óleo para o litoral da região. O mau cheiro tem obrigado os moradores  a usar máscaras e o número de pessoas a procura de atendimento médico aumentou.

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Preocupada, a Secretaria de Saúde do Pará (Sespa) disponibilizou um ônibus com três consultórios completos e passou a distribuir frascos com hipoclorito, substância que purifica a água, tornando-a apta ao consumo humano. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estão distribuindo mais de 1.700 galões de água aos cerca de 8 mil moradores da região. Desde o dia do acidente, técnicos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) estão fiscalizando estradas, mercados e açougues de Barcarena e regiões próximas à procura de carne que possa ser dos animais mortos no naufrágio. O material apreendido é incinerado.

Com 115 mil moradores, o município de Barcarena está entre os cinco maiores arrecadadores do Pará, e tem no Porto de Vila do Conde uma das suas principais fontes de economia. Além do distrito industrial, que abriga grandes fábricas de empresas multinacionais, existem vilas de ribeirinhos, que são os principais prejudicados já que sobrevivem da pesca e turismo. “Além de acelerar o passo na solução do problema também é necessário oferecer compensação aos ribeirinhos e pescadores pelos prejuízos decorrentes do naufrágio”, destaca o prefeito de Barcarena, Antônio Villaça.

O diretor presidente da Companhia Docas do Pará (CDP), Parsifal de Jesus Pontes, responsável pela autoridade portuária, disse que o resgate é de alta complexidade e que a exportação de gado em pé só deve ser retomada quando o processo estiver em andamento.

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“A retomada deve ocorrer quando normalizarmos as operações, isto é, quando entrarmos em uma rotina de resgate”, afirma. Contudo, Pontes diz que há um componente humano que pode dificultar os embarques e que é difícil precisar. “A comunidade de Barcarena está extremamente incomodada com o caso e, por enquanto, seria impossível passar uma carreta de bois no município”, conta.

A medida praticamente interrompe a exportação de gado em pé no Brasil, já que o Pará responde por mais de 90% do que o Brasil envia para o mercado externo e o porto de Vila do Conde é a principal opção para o escoamento.

Na semana passada, o presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado (Abeg), Gil Reis, disse que alternativas ao porto “são comercialmente inviáveis”. Esta também é a posição do superintendente federal do Ministério da Agricultura no Pará, Josenir Nascimento, para quem as opções são “difíceis de serem operadas”.

A Minerva Foods deve ser uma das grandes empresas prejudicadas com a situação, pois é líder neste mercado com a Kaiapós, a Boi Branco e a Agroexport. Juntas, as quatro empresas respondem por 98% dos embarques de gado vivo no Brasil. Procurada pelo Broadcast, a Minerva ainda não se posicionou sobre possíveis perdas com a suspensão dos embarques.

Destinação dos animais – A CDP reservou parte da área portuária, distante do centro de Barcarena, para a destinação final dos bois mortos no naufrágio. O local já foi aprovado pela Semas e deve ser impermeabilizado para abrigar as carcaças. A secretaria informa ter entregue às empresas envolvidas uma notificação “com diretrizes específicas para que o aterramento seja feito de forma segura, com o menor impacto ambiental possível”.

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