Brasília – Na primeira “superquarta” do ano, em que coincidem as reuniões dos comitês do Copom (Comitê de Política Monetária) e o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), nesta quarta-feira (22), para debater a taxa de juros básica brasileira e norte-americana. A expectativa é de que o Banco Central mantenha em 13,75% da Selic, a taxa básica de juros brasileira, o que irá enfurecer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, desde que assumiu o governo, já atacou a política monetária do Banco Central 29 vezes.
Os encontros vão sinalizar qual é a resposta do Brasil e dos EUA a ameaça de crise de crédito instigada pelas falências do SVB (Silicon Valley Bank) e do Signature Bank, a quase quebra do banco Credit Suisse comprado por US$ 3,23 bilhões (R$ 17,02 bilhões) pelo concorrente UBS, em acordo histórico com recursos financiados pelo Banco Central da Suiça, num esforço para estancar a nuvem de incertezas sobre a credibilidade e liquidez da instituições financeiras bancárias.
Embora as críticas do presidente brasileiro à política monetária de um Banco Central constitucionalmente independente, tenham respaldo em alguns poucos escaninhos sem expressão do mercado financeiro, graças às medidas adotadas pelo presidente do BC, Roberto Capos Neto, o Brasil fechou o ano de 2022 com inflação menor que Estados Unidos e países líderes da economia da Zona do Euro, como Alemanha, Inglaterra, França e Itália.
Em ambos os países, há expectativa de manutenção dos percentuais, com analistas norte-americanos agora incertos sobre uma antes aguardada alta de 0,25 ponto percentual.
Com o mercado projetando que o Banco Central sinalize corte na Selic só no 2º trimestre, depois da reunião de 3 de maio, espera-se que o Copom mantenha pelo 5º encontro seguido os juros em 13,75%. A decisão sai às 18h30, enquanto que a decisão do Fed será anunciada às 14h de Washington D.C. (15h no horário de Brasília D.F.).
Mercado aguarda pacote do novo arcabouço fiscal
Mantido como o maior segredo do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o lançamento do plano batizado com o nome genérico de “âncora fiscal” que vai substituir o atual teto de gastos implodido no final do ano passado.
O plano foi finalizado no final da semana passada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad.
Lula viu o plano e não gostou. Ele defende uma nova regra fiscal com dispositivo que assegure mais recursos para saúde e educação nos próximos anos, e foi essa a justificativa não oficial para o adiamento da divulgação do plano.
Os técnicos do governo estão fazendo as contas com base na vinculação de recursos prevista na Constituição para as duas áreas e o reforço que pode ser feito a partir da nova regra.
O plano só deve ser divulgado após o retorno da viagem oficial de Lula à China, na semana que vem, mas não foi confirmada nenhuma data.
Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.