Brasília – Numa derrota acachapante e considerada uma vitória de articulação de bastidores do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o senador Antonio Anastasia, do mesmo PSD, venceu por 52 votos a favor contra a favorita da disputa à vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), senadora Kátia Abreu (PP-TO), que recebeu apenas 19 votos favoráveis. O lanterna Fernando Bezerra (MDB-PE) obteve 7 votos. A decisão ainda precisa passar pela Câmara.
Anastasia irá substituir o ministro Raimundo Carreiro, que deixará o tribunal após ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Embaixada do Brasil em Portugal. Com isso, o sucessor herdará, entre outras coisas, a relatoria do processo sobre os gastos com cartão corporativo de Bolsonaro e de seus familiares.
O resultado representa uma vitória para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que trabalhou nos bastidores desde abril deste ano para viabilizar a indicação. Além da proximidade com Anastasia, Pacheco também é ligado ao suplente do parlamentar, Alexandre Silveira, que assumirá a vaga de Anastasia que já governou Minas Gerais.
Do outro lado, Kátia contava com o respaldo do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, seu correligionário, e Bezerra possuía a estrutura da liderança do governo na Casa. Nos corredores, falavam em liberação de emendas para que senadores indecisos votassem nos apadrinhados do governo.
Numa declaração de um autêntico político mineiro, Pacheco disse após a sessão: “Houve uma escolha da maioria dos senadores. Essa quantidade de votos decorre do trabalho realizado pelo Antonio Anastasia. Não há necessariamente derrotados nisso, é uma escolha democrática”.
Dos nove ministros do TCU, três são indicados pelo Senado, três pela Câmara e três pelo Executivo. O cargo é vitalício, com previsão de aposentadoria compulsória aos 75 anos. A remuneração bruta é de R$ 37.328,65, além dos benefícios.
Durante a fase da campanha, nos bastidores, Anastasia defendeu o seu currículo acadêmico e profissional na área jurídica como vantagem para assumir a função. Instantes antes da votação, o senador mineiro também fez gestos políticos aos parlamentares em busca de apoio. Ele ressaltou que é preciso ter “sensibilidade” ao tomar decisões na corte para evitar injustiças com os gestores públicos.
Por Val-André Mutran – de Brasília