O novo presidente da Vale fala com exclusividade a EXAME e diz que as agendas da Vale e do governo não são diferentes. “O governo brasileiro não interfere mais que os outros”, diz Murilo Ferreira
Eduardo Monteiro/EXAME.com
Nenhum outro processo de sucessão em empresas brasileiras foi tão ruidoso quanto a recente troca de comando na Vale, maior companhia privada do país.
Escolhido para substituir Roger Agnelli, o executivo Murilo Ferreira, de 57 anos, tem pela frente o desafio de manter a mineradora em rota de crescimento e provar ao mercado que eventuais interferências do governo não vão se sobrepor aos interesses dos acionistas. Em sua primeira entrevista individual desde que assumiu o cargo, Ferreira conta como pretende comandar a Vale.
EXAME – O senhor será inevitavelmente comparado a Roger Agnelli, que comandou a Vale numa fase de resultados extraordinários. Como se sente em relação a isso?
Murilo Ferreira – Sinto orgulho de ter feito parte dessa equipe que teve resultados extraordinários. E também quero trazer resultados extraordinários.
EXAME – É possível administrar a Vale como uma empresa privada tendo o governo como o maior acionista?
Murilo Ferreira – Se você estiver se referindo à Previ e ao BNDES, não os vejo como agentes de governo. A Previ é uma entidade privada que trabalha para chegar aos melhores resultados. O BNDES tem uma posição como investidor e outra como financiador. Não vejo separação entre os objetivos do governo e os da empresa.
Eles são complementares. Para implantar uma mina, é preciso conversar com os governos federal, estadual e municipal. É preciso bater na porta, pedir licença para entrar. É assim em todo o mundo. São interesses compatíveis, desde que haja um diálogo franco, aberto e construtivo.
EXAME – O senhor quer dizer que o governo brasileiro não interfere mais do que os outros governos?
Murilo Ferreira – Garanto que não. Isso é um grande equívoco dos brasileiros.
EXAME – O senhor tem exemplos disso?
Murilo Ferreira – A pressão para investimento em siderurgia é corrente na maioria dos países que possuem recursos naturais. No Canadá, por exemplo, os antigos donos da Inco tiveram de instalar uma refinaria de níquel em Newfoundland, a pedido do governo da província, embora o ideal fosse produzir minério em Voisey’s Bay e processar onde houvesse capacidade ociosa. A Alcan também teve de verticalizar a operação em seu projeto na Austrália.
2 comentários em “Revista Exame entrevista Murilo Ferreira, novo presidente da Vale”
É inviável o investimento no Porto de Santos, pois ele já está saturado e fica longe das Minas. Teria que ser no porto do Rio ou de Tubarão no ES. O porto de Santos não comporta mais expansões conforme todos os estudos e engenheiros que lá trabalham em extensas reportagens.
Não se pode entender os investimentos no porto de santos pela vale. Além de estar longe das minas, em Minas Gerais, o porto já está supersaturado e não podendo mais se expandir. Teria que ser no Porto do Rio, Tubarão no ES ou outro qualquer mais próximo das Minas. Qual foi a razão de tanta inviabilidade e desperdício?