Rico, Pará tem 5º maior exército de extremamente pobres do Brasil

Entre municípios, Senador José Porfírio, no coração do Pará, é campeão, com registro de mais cidadãos vivendo sob risco de passar fome que o número de habitantes estimados pelo IBGE.

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Maior produtor de recursos minerais e maior contribuinte do superávit da balança comercial do país, o Pará tinha tudo para fazer jus ao nome e ser um paraíso. Só que não. Um levantamento feito com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu a partir de números do Cadastro Único, do Governo Federal, cruzados com dados da estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2021, mostra que a maior economia da Amazônia também ostenta indicadores lastimáveis de pobreza.

São 3,057 milhões de paraenses em situação de extrema pobreza, atrás apenas da Bahia (com 5,223 milhões de extremamente pobres), São Paulo (4,348 milhões), Pernambuco (3,277 milhões) e Ceará (3,11 milhões). No Brasil, é considerada extremamente pobre a pessoa com renda mensal igual ou menor a R$ 70. O batalhão de pessoas em situação de extrema pobreza no Pará é superior ao total de moradores dos estados de Roraima, Amapá, Acre, Tocantins, Rondônia, Sergipe e Mato Grosso do Sul.

Com esse volume de habitantes na pindaíba, o Pará aparece com 34,83% de sua população sob possibilidade de não ter almoço ou janta hoje. É um drama que afeta um em cada três paraenses. Só estão em condição proporcionalmente pior Bahia (34,88%), Alagoas (35,02%), Paraíba (37,18%), Acre (37,32%), Piauí (41,56%) e Maranhão (42,43%). Não por acaso, esses estados estão juntos e misturados nas piores posições em qualquer ranqueamento que se faça envolvendo indicadores de desenvolvimento social.

No extremo oposto, sete Unidades da Federação não têm sequer dez por cento de sua população em situação de pobreza extrema. Santa Catarina, por exemplo, é o estado com menos pobres do país, com 4,68%. Em seguida aparecem Distrito Federal (7,84%), Paraná (8%), Rio Grande do Sul (8,6%), São Paulo (9,32%) e Rondônia (9,94%).

Municípios mais pobres do Pará

O Blog rastreou os indicadores de pobreza extrema também para os municípios paraenses. Como os números populacionais do estado estão defasados, em razão do adiamento do censo demográfico que só será realizado em 2022, pode haver muita distorção. A maior dessas distorções está no município considerado o mais extremamente pobre do estado, de acordo com os números informados pela população local ao Cadastro Único.

Em Senador José Porfírio, há, de acordo com o cadastro, 12 mil extremamente pobres. É um número superior aos 11,5 mil habitantes do município estimados pelo IBGE. Nessa circunstância, é possível supor duas situações: ou os dados populacionais de Porfírio estão muito defasados ou os números do Cadastro Único estão superestimados — é bem provável que a primeira hipótese seja a correta.

No oposto, Tucumã tem apenas 6,33% de sua população em situação de extrema pobreza, de acordo com dados do Cadastro Único. Dos 40 mil habitantes estimados pelo IBGE para o município sul-paraense, apenas 2,5 mil estariam, hoje, passando por alguma espécie de aperreio. Pelos números, pode-se inferir que a população atual de Tucumã pode ser menor que a estimativa.

Confira os indicadores de população extremamente pobre levantados com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu!

VEJA OS 10 MUNICÍPIOS COM MAIORES TAXAS DE POBREZA NO PARÁ

1º Senador José Porfírio — 104,34%

2º Prainha — 97,51%

3º Faro 89,15%

4º Santarém Novo — 85,87%

5º São Sebastião da Boa Vista — 79,08%

6º Gurupá — 77,83%

7º Mocajuba — 75,48%

8º Anajás — 75,09%

9º Nova Esperança do Piriá — 75%

10º Oeiras do Pará — 74,7%

VEJA OS 10 MUNICÍPIOS COM MENORES TAXAS DE POBREZA NO PARÁ

10º Rio Maria — 19,45%

9º Redenção — 18,41%

8º Ulianópolis — 17,43%

7º Castanhal — 14,72%

6º Novo Progresso — 14,51%

5º Parauapebas — 14,06%

4º Marabá — 13,97%

3º Ananindeua — 11,17%

2º Conceição do Araguaia — 11,12%

1º Tucumã — 6,33%

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