Rio Tocantins atinge maior nível do ano e Defesa Civil e Exército ficam de prontidão

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O Rio Tocantins deu repique. É a expressão usada para dizer que houve uma nova cheia dias depois da anterior. E desta vez, o nível alcançou a maior marca de 2018 até agora: 11 metros e 20 centímetros acima do nível normal, exatamente 12 centímetros a mais o do que o registrado em fevereiro, com 11,08 metros. Muitas pessoas que tinham voltado para suas casas nas últimas três semanas acabaram surpreendidas com a forte chuva do domingo, 25, e precisaram da ajuda do Exército para retornar aos abrigos.

A cheia chegou a recuar com a diminuição das chuvas nas cabeceiras dos afluentes do Tocantins e Itacaiunas, mas o nível voltou a subir nos últimos dias.

Segundo a Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Marabá, a Defesa Civil, Exército, Secretarias de Obras, Saneamento Ambiental e de Assistência Social estão de prontidão em caso de mais famílias ficarem desabrigadas.

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Segundo dados da Prefeitura, há 510 famílias morando em abrigos improvisados e cerca de 150 se mudaram para casas de parentes ou encontraram outro imóvel para passar o período de enchente.

Em 14 de fevereiro, o prefeito Tião Miranda decretou Situação de Emergência no município em função da grande quantidade de famílias desalojadas, recebendo liberação legal para aquisição de produtos em caráter de urgência para assistir aos necessitados.

Há cinco abrigos oficiais que estão recebendo auxílio do Poder Público Municipal, inclusive com cestas básicas de alimentos. Mas quem está vivendo há quase 60 dias em barracas de lonas já dá sinais de cansaço. É o caso de Isaura Ramos Carvalho, 48, que vive com quatro filhos no abrigo da Obra Kolping, Bairro Belo Horizonte, e diz que há um sofrimento muito grande para manter os filhos em boas condições no local. “Nunca é como a casa da gente. Muita coisa não podemos fazer aqui e até o choro dos filhos incomoda os outros”, alega ela.

Isaura diz que as cestas de alimentos doados pela Defesa Civil não duram 15 dias e que muitas pessoas que estão nos abrigos têm de pedir ajuda para dar comida aos filhos. “No início, o pessoal das igrejas vinha, ajudava, mas agora parou mais. Estamos muitos dias aqui, o rio não baixa e fora de casa fica difícil sair, deixar os filhos e tentar conseguir um trabalho, um bico de lavar roupa ou fazer uma faxina, alguma coisa assim”, explica ela.

Leide de Souza Silva, balconista, mora na Rua João Salame, na Velha Marabá, e conta que havia saído de casa logo após o Carnaval e 15 dias depois, quando a enchente baixou, retornou. “Neste domingo, foram seis horas de chuva e saímos às pressas de novo por causa dela. Pobre sofre muito”, disse ela.

MAIS ÁGUA ATÉ AMANHÃ

Enquanto muitas famílias reclamam do longo tempo fora de suas casas, a Eletronorte publicou nesta segunda-feira um boletim de vazões e níveis do Rio Tocantins, no qual prevê que amanhã, terça-feira, dia 17, o nível do rio alcance 11,22 metros acima do nível normal; baixe para 11,21 na quarta; e desça a 11,12 na quinta-feira.

Por Ulisses Pompeu